Escrito por: Redação RBA
A atriz de 93 anos, que nem precisaria votar, declarou hoje seu voto no candidato do PT à Presidência da República. Para ela, o governo de Jair Bolsonaro tem promovido o desmonte do país ao desmontar a cultura
A atriz Fernanda Montenegro declarou nesta quarta-feira (10) seu voto no candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Para ela, o governo Bolsonaro tem promovido desmonte do país ao desmontar a cultura. “Sem a cultura das artes um país não existe. Está provado na História. O atual governo é tragicamente inoperante. Vendável e comprável. Na concorrência, Lula está à frente? Que venha Lula”, disse ao colunista da revista Veja Valmir Moratelli.
Aos 93 anos, Fernanda Montenegro faz questão de votar em Lula mesmo não tendo mais o compromisso com as urnas. No Brasil, o voto é obrigatório até os 70 anos.
Primeira atriz brasileira a ser indicada ao Oscar pela personagem Dora no filme Central do Brasil (1998), de Walter Salles, com o qual venceu o Urso de Prata no Festival de Berlim, ela é uma das atrizes mais importantes de sua geração em todo o mundo. E no final de março assumiu uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Perseguida pelo governo Bolsonaro
Fernanda, que não tem ligação partidária, foi perseguida pelo governo de Jair Bolsonaro. Em setembro de 2019, o então diretor da Funarte, Roberto Alvim, a atacou por causa da revista literária Quatro Cinco Um. A edição de outubro daquele ano trazia uma fotografia em que ela aparecia amarrada como se fosse uma condenada pela Inquisição (século 12), com livros jogados aos seus pés. Uma alegoria de tempos de obscurantismo e apologia da censura.
Para o então diretor, que se autointitulava “dramaturgo, professor de artes cênicas e diretor de teatro/cristão, nacionalista e conservador”, Quatro Cinco Um se tratava de uma revista “esquerdista”. E Fernanda Montenegro, para ele, não passava de “sórdida” e “mentirosa”. E mais: que não há diálogo com a classe artística, com a qual ele diz travar “uma guerra irrevogável”.
Logo após a posse na Academia, Fernanda disse em entrevista que “esse atual governo é uma forca. Um vômito. Uma punhalada no ventre. Mas vai acabar. Uma hora vai acabar. A grande tristeza é que ele entrou pelo voto”.