Fernández pede ‘respeito à democracia’ após protestos de policiais na Argentina
Apesar de demanda de aumento salarial ser destinada à Província de Buenos Aires, agentes cercaram a residência presidencial
Publicado: 10 Setembro, 2020 - 14h05 | Última modificação: 10 Setembro, 2020 - 14h15
Escrito por: Redação RBA
Milhares de policiais de Buenos Aires promovem protestos, desde a última segunda-feira (7), na Argentina. Entretanto, a manifestação se intensificou, nesta quarta-feira (9), quando agentes cercaram a residência presidencial argentina de Olivos. Entre as exigências da força policial, está o aumento salarial.
Na noite de ontem, o presidente Alberto Fernández realizou um pronunciamento sobre o caso e lamenta articulação política para desestabilizar seu governo. O líder argentino pediu respeito à democracia e às instituições argentinas.
“Nem tudo é permitido”, alertou o presidente às tropas. “Posso ouvir qualquer reclamação e qualquer demanda, o que não estou disposto é aceitar certas formas de demanda que nada têm a ver com a vida democrática”, disse ele, ao lado do governador de Buenos Aires, Axel Kicilof, prefeitos, autoridades nacionais e legislativas.
Ainda na segunda-feira, governo já havia feito concessões, como a entrega de 2.200 novas viaturas, melhor equipamento e aumento salarial, que será decretado nesta sexta-feira (11). Porém, os policiais dizem que não deixarão de protestar até as exigências serem concretizadas. Na madrugada de ontem, um homem foi detido por jogar um coquetel molotov na casa presidencial.
Movimento político
Segundo o Brasil de Fato, um ponto que chama a atenção foi uma antecipação das manifestações feita por Florencia Arietto, ex-assessora do Ministério de Segurança de Mauricio Macri. Ela anunciou que policiais realizariam protestos na Argentina, um dia antes que acontecessem, em um programa do canal TN.
Já os policiais dizem que a reclamação é salarial e que o protesto não é político. Sem reajustes desde novembro, eles recebem cerca de 37 mil pesos por mês (cerca de R$ 2.600). Por outro lado, durante governo Macri, com a governadora da província de Buenos Aires, Maria Eugenia Vidal, a queda dos salários dos policiais foi de 30% e horas extras foram congeladas. Não houve protestos durante os quatro anos de Macri.
O cerco dos policiais resultou em temores de golpismo. Líderes sindicais chegaram a iniciar uma mobilização em defesa da democracia argentina. Um deles foi Juan Grabois, diretor da Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP), que havia iniciado a organização de uma marcha a Olivos.
“Por pedido expresso das autoridades máximas, suspendemos a convocatória de hoje às 20h. Esperamos que as armas e os veículos do governo constitucional argentino não sejam usadas para desafiar a democracia”, escreveu Grabois.