Fetraf-RS debate estiagem com secretário estadual de Desenvolvimento Rural
Dirigentes sindicais apresentaram também demandas para a agricultura familiar para o governo do estado
Publicado: 13 Janeiro, 2023 - 11h31 | Última modificação: 13 Janeiro, 2023 - 11h58
Escrito por: CUT-RS
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS), debateu o problema da estiagem no interior gaúcho e as principais demandas do setor, durante visita recebida do secretário estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), Ronaldo Santini (Podemos), na sede da CUT-RS, em Porto Alegre, na última quarta-feira (11).
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, também participou da reunião, destacando “a expectativa de ações estruturantes, permanentes e sustentáveis para o fortalecimento da agricultura familiar e a produção de alimentos saudáveis”. Ele salientou também a importância do setor para programas de combate à fome e de segurança alimentar.
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, extinta em 2018, foi recriada pelo segundo mandato de Eduardo Leite. A ideia do governo, conforme Santini, é construir e operar programas e políticas públicas específicas para a agricultura familiar.
O coordenador-geral da Fetraf-RS manifestou a importância da recriação da SDR para o desenvolvimento da agricultura familiar e aproveitou para cobrar que a Secretaria trabalhe de forma diferente do que ocorreu no primeiro mandato do governo Leite.
“Na gestão passada, os agricultores não foram ouvidos e nós sabemos bem a realidade de quem trabalha na terra, faça sol ou faça chuva, e garante a produção dos alimentos consumidos pela população”, enfatizou o coordenador-geral da Fetraf-RS, Douglas Cenci.
Segundo ele, o diálogo aberto pela visita de Santini é muito importante, para que a Secretaria possa ter força dentro do governo e, assim, cumprir com o seu papel, complementou.
“O Rio Grande do Sul precisa retomar o seu protagonismo na produção de alimentos, criando políticas públicas e programas de incentivo para a agricultura familiar, além de socorrer os agricultores nos momentos de dificuldade, como agora por conta da estiagem”, ressaltou Douglas.
Reivindicações
Na reunião, os dirigentes sindicais apresentaram as principais demandas da agricultura familiar para o governo do Estado, dentre elas:
- fortalecimento e criação de novos programas e políticas públicas de apoio e incentivo à produção de alimentos;
- ações imediatas e de médio prazo para socorro aos agricultores que enfrentam a estiagem pelo quarto ano seguido;
- fortalecimento do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (FEAPER), a fim de que o mesmo recupere sua capacidade de investimentos;
- execução e ampliação do Programa Avançar com a disponibilização de recursos para investimentos na agricultura familiar;
- ampliação do orçamento da EMATER, a fim de que a mesma possa atender as demandas dos agricultores;
- recriação do Plano Safra estadual da agricultura familiar.
53 municípios já sofrem com a estiagem no RS
A secretária-geral adjunta da CUT-RS, Cleonice Back, destacou a preocupação com a nova estiagem, que já atinge pelo menos 53 municípios, que decretaram situação de emergência, segundo a Defesa Civil.
“Este número tende a aumentar ainda mais nos próximos dias frente à escassez de chuvas e ao excesso de calor verificado nas duas últimas semanas”, afirmou Cleonice.
Ela relatou que agricultores e agricultoras enfrentam falta de água para consumo humano e animal, tendo que recorrer ao abastecimento de caminhões-pipa das prefeituras.
“Em vários municípios as plantações de milho apresentam perdas de até 70% e o desenvolvimento das lavouras de soja está atrasado por falta de chuvas”, advertiu. “Além disso, as pastagens não estão se desenvolvendo, o que compromete a alimentação para os animais.”
A dirigente sindical alertou que a quebra da safra de milho vai afetar a produção do leite e que é preciso estudar um novo auxílio emergencial. “Na estiagem ocorrida entre 2021 e 2022, somente uma parte das famílias prejudicadas recebeu ajuda no valor de apenas R$ 1 mil com pagamento feito em dezembro último, o que não compensou as enormes perdas sofridas”, destacou.
Presenças
Pela Fetraf-RS, estiveram presentes o coordenador-geral Douglas Cenci, o secretário-geral Luis Scapineli, o secretário de Finanças, Vilson Alba, e a secretária de Mulheres e secretária-geral adjunta da CUT-RS, Cleonice Back, além de outros dirigentes da federação.
CUT-RS com Felipe Toniolo / Fetraf-RS