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Fila do Auxílio Brasil tem 1,5 milhão, mas valor já é corroído pela inflação

Governo federal prometeu zerar a fila do Auxílio Brasil, mas pobreza e fome levam todo mês 350 mil pessoas a procurarem o benefício

Publicado: 26 Julho, 2022 - 08h30 | Última modificação: 26 Julho, 2022 - 08h35

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha

Justino Passos / Ecos
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A medida paliativa do governo federal em aumentar para R$ 600 até o final do ano, o valor do Auxílio Brasil para pouco mais de 18 milhões de pessoas já não chega defasado por causa da disparada de preços, especialmente dos alimentos.

O benefício extra já tem uma fila de espera de 1,5 milhão de pessoas, apesar de não comprar o mesmo que o brasileiro comprava em 2020, quando o auxílio emergencial de R$ 600 foi pago por causa da pandemia de coronavírus, graças à pressão da CUT e demais centrais junto ao Congresso Nacional, pois Jair Bolsonaro queria pagar apenas R$ 200.

Há dois anos, com R$ 200 no supermercado, o consumidor levava para casa 18 itens, incluindo arroz, feijão, carne, leite, ovos, queijo mozarela, macarrão, bolacha e alguns legumes. Esses mesmos R$ 200 de 2020 representam atualmente R$ 163,91, segundo cálculos de Matheus Peçanha, pesquisador e economista do Instituto de Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feitos a pedido da Folha. Já os R$ 600 equivalem a R$ 491,72.

Para ter o mesmo poder de compra de abril de 2020, as famílias deveriam receber R$ 732,12. A correção tem como base a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a alta de preços para a de baixa renda. O acumulado no período de abril de 2020 a junho de 2022 é de 22,02%.

Falhas no Auxílio Brasil

Obcecado em mudar o Bolsa Família, Jair Bolsonaro, no entanto, não utilizou as ferramentas do antigo programa para oferecer o novo auxílio, como o critério de número de filhos que aumentava o valor. Hoje os R$ 600 são pagos a uma família de três a 10 pessoas, independente do número de seus membros.

Além do valor não comprar sequer uma cesta básica em São Paulo, por exemplo, que está em quase R$ 800, milhares de necessitados devem ficar de fora do benefício. Mensalmente cerca de 350 mil pessoas entram na fila do Auxílio Brasil devido à crise econômica que o país atravessa com a fome atingindo 33 milhões de brasileiros. 

Especialista no combate à fome,  ouvido pelo PortalCUT, já dizia no início deste mês que o milhão de pessoas que estavam na fila do benefício, já estavam incluídas no Cadastro Único (CadÚnico) e “quem não se cadastrar até a data de promulgação da emenda constitucional vai ficar de fora, gerando uma nova fila de espera”, afirmou Francisco Menezes, consultor da Action Aid, uma organização não governamental de combate à desigualdade social, e ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

Leia mais: PEC do Desespero não combate a fome e não vai melhorar orçamento das famílias

Governo ainda busca dinheiro para bancar o Auxílio Brasil

O governo federal ainda busca recursos para pagar os R$ 41,25 bilhões do Auxílio Brasil. Para isso, o Ministério da Economia enviou um ofício às principais estatais (Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) pedindo para aumentar a receita com dividendos em 2022.

O documento encaminhado às empresas tinha o objetivo de tornar o pagamento desses valores ao governo trimestral, em vez de semestral. Ou seja, o pagamento que seria feito de dividendos no 1º trimestre de 2023 poderia ser executado ainda neste ano. De acordo com o Poder 360, somente o Banco do Brasil respondeu dizendo que não poderia fazer a antecipação.