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Fim do auxílio agrava pobreza e acelera destruição de pequenos negócios

Sobrevivência das micro e pequenas empresas depende da circulação de dinheiro entre as camadas mais pobres da população

Publicado: 23 Fevereiro, 2021 - 10h49 | Última modificação: 23 Fevereiro, 2021 - 10h53

Escrito por: Redação CUT

Reprodução/Agência PT
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Além de empurrar mais de 20 milhões de brasileiros para a extrema pobreza, o fim do auxílio emergencial, pago até dezembro do ano passado, afetará diretamente a sobrevivência das pequenas e micro empresas, cujos serviços dependem da circulação de dinheiro entre as camadas mais populares.

Uma quebradeira ainda maior dos pequenos negócios em 2021 irá privilegiar as grandes empresas e aumentar o abismo entre ricos e pobres, apontam especialistas. Em 2021, o varejo será o setor mais afetado, com perdas que podem superar R$ 190 bilhões em vendas.

Leia mais: Sem auxílio emergencial o caos vai se instalar no país

“Eu não descarto que 2021 seja pior que 2020, mesmo com algum auxílio emergencial, que já vai ser menor”, disse o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio – SP), Altamiro Caravalho, ao ‘ UOL’.

O governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) pretende pagar  três ou quatro parcelas de apenas R$ 250 a 32 milhões de pessoas –  menos da metade do valor do auxílio pago no ano passado de R$ 600 a mais de 60 milhões de brasileiros. 

Em troca do novo auxílio, o governo quer que o Congresso Nacional aprove o fim da obrigatoriedade dos governos federais, estaduais e municipais terem investimento mínimo em saúde e educação e o congelamento dos salários de servidores federais, estaduais e municipais, entre outras maldades.

Em um cenário de agravamento da pandemia e de falta de perspectivas no mercado de trabalho, que bate recordes de desemprego, economistas avaliam que a retomada do auxílio emergencial é urgente porque, além de oferecer amparo imediato para trabalhadores informais, também ajudaria a atenuar o quadro de crise no setor de pequenos empreendimentos.

Reportagem do UOL aponta que grande parte dos gastos do governo federal com auxílio emergencial, cerca de R$ 200 bilhões, foi injetada nos pequenos negócios, notadamente no comércio formado por mercados, feiras, lojas, restaurantes, bares e outros serviços.

Do mesmo modo, um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (Made FEA/ USP) indica que, mesmo reduzido pela metade – R$ 300,00 – o auxílio poderia, em apenas quatro parcelas, contribuir para um aumento do PIB em 1,1%.

“O auxílio não se restringe ao bolso de quem o recebe, mas ele faz circular o dinheiro na economia”, confirma o coordenador do Centro de estudos em microfinanças e inclusão financeira da FGV, Lauro Gonzalez. “Embora não tenhamos o mesmo nível de fechamento das atividades de 2020, o fato é que a pandemia continua afetando a economia”, analisa Gonzalez.

Dinheiro na mão do pobre

A análise do economista corrobora os efeitos positivos das políticas de inclusão social implementadas em larga escala pelos governos do PT, com efeitos econômicos práticos. ”Dinheiro na mão de rico vira uma conta parada no banco. Dinheiro na mão de pobre, ele vai no mercado e movimenta a economia”, escreveu o ex-presidente Lula, em artigo publicado em julho de 2018.

Em maio de 2020, Lula voltou ao assunto, já à luz da crise sanitária. “Sou a favor de imprimir moeda nova para que as pessoas tenham dinheiro pra ficar em casa. Não tem risco de inflação porque não tem demanda. A vida do ser humano não tem preço”, afirmou Lula. “O  Brasil pode rodar dinheiro, aumentar a massa monetária do país para que as pessoas tenham como sobreviver”.

Com informações de ‘UOL’ e da Agência PT