Finalista olímpica começou a carreira num assentamento do MST
Valdileia Martins, filha de camponesas, chega na final do salto com vara igualando o recorde brasileiro. No início, seus treinos eram com vara de pescar e sacos cheio de palha de milho
Publicado: 05 Agosto, 2024 - 12h52
Escrito por: Redação CUT
Ontem (04/08), Valdileia Martins, de 34 anos e filha de camponeses, garantiu sua vaga na final dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 durante a competição de salto em altura. Essa foi sua estreia em uma competição desse porte, na qual ela igualou o recorde brasileiro com a marca de 1,92m. A atleta avançou com a 6ª melhor marca da bateria e a 11ª posição na classificação geral, o que assegurou sua ida à final. Infelizmente, Valdileia não conseguiu disputar a final devido a uma entorse no tornozelo.
Valdileia é filha de assentados na comunidade Pontal do Tigre, um dos 10 assentamentos formados em Querência do Norte. Foi no ambiente rural que Leia, como é chamada pela família, deu seus primeiros saltos. A vara de pescar e os sacos de milho com a palha de arroz foram seus primeiros equipamentos, inventados pelo pai, Seu Israel.
Ainda menina, estudou no Colégio Estadual do Campo do Centrão, junto com todas as crianças das comunidades do MST da região noroeste do Paraná. Lá recebeu muito incentivo de professoras, professores, amigas e amigos.
Na juventude, passou alguns meses morando na Escola Milton Santos de Agroecologia, o centro de formação do MST localizado em Maringá, cidade onde teve acesso à estrutura adequada para treinar atletismo.
São mais de 20 anos de dedicação e esforço para se tornar uma das finalistas da competição mundial mais importante para essa categoria esportiva. Além da lesão, Leia sofreu com a perda de Seu Israel, que faleceu no último dia 29. A atleta optou por não retornar ao Brasil para o enterro do pai, preferindo permanecer e buscar o sonho olímpico que também era dele.
Apesar de todos os percalços, Valdileia Martins afirmou que conseguiu atingir seus objetivos nas Olimpíadas de Paris-2024.