Escrito por: Redação CUT
O alerta é do epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz/Amazônia, que que aponta negligência de autoridades no combate a pandemia no Amazonas
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou um novo alerta para o crescimento de casos de Covid-19 em Manaus, capital do Amazonas. A cidade, que já sofreu com a falta de oxigênio, superlotação nos hospitais e aumento de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus no início do ano, agora vive um recrudescimento da segunda onda da doença, que alguns também chamam de terceira onda.
O alerta é do epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz/Amazônia, que afirma também que houve crescimento na média móvel de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), indicador indireto da crise, na Região.
Manaus foi palco dos piores momentos da pandemia de Covid-19 no Brasil, tanto na primeira onda, em 2020, quanto na segunda, em janeiro deste ano. A crise de falta de oxigênio em Manaus levou o Supremo Tribunal Federal a autorizar a abertura de inquérito contra o ex-ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello. Na ocasião, o então ministro foi acusado de omissão pelo Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas. E, atualmente, é um dos principais investigados pela CPI da Covid, instalada no Senado por ordem do STF.
De acordo com o pesquisador da Fiocruz, a negligência sanitária e a certeza de impunidade, somada a omissão de diversos atores da sociedade amazonense estão levando novamente ao crescimento de casos de Covid-19.
"Não esperava ter que emitir novo alerta epidemiológico tão rápido para Manaus”, afirma. “Os responsáveis pela dupla tragédia sanitária e humanitária, nos levaram a retomada ou recrudescimento da segunda onda em Manaus", continua Jesem Orellana, um dos epidemiologistas responsáveis pela emissão do alerta e em janeiro também foi um dos que antecipou a iminência do colapso do sistema de saúde no estado.
Orellana conta que comunicou os órgãos de controle (Defensorias e Ministério Público), bem como membros da CPI da Covid-19 sobre a realidade no Amazonas e relata ainda que os membros da Comissão Mista Especial do Congresso Nacional, que analisa ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no combate à pandemia “sequer acusar um recebido, repetindo outros setores do Amazonas que fingem não saber e não poder fazer nada em relação a dramática situação local."
Casos aumentam cada vez mais entre jovens
A Fiocruz também faz um alerta que a pandemia está se espalhando cada vez mais pelas camadas jovens da população. A constatação faz parte do Boletim do Observatório Covid-19, editado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no último dia 7.
Agora são os adultos jovens e de meia-idade que representam uma parcela cada vez maior dos pacientes em enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTIS).
Quanto ao número de leitos, após muitas semanas em situação muito crítica, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 no país começam a dar sinais de melhora, embora ainda longe de indicar um quadro tranquilo. Entre 26 de abril e 3 de maio, as taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos mantiveram a tendência lenta de queda em quase todo o país.
São Paulo de 100 mortes
O estado de São Paulo ultrapassou a marca de 100 mil mortos pela doença. Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, o total de mortes decorrentes do coronavírus passa de 101 mil.
A pandemia de Covid-19 começou concentrada na Grande São Paulo e depois se espalhou para as demais regiões. A doença se mostrou mais letal no interior e no litoral do estado, que aplicou políticas regionalizadas, promoveu a abertura mesmo contra recomendações do centro de contingência para a pandemia do próprio governo.
Em abril do ano passado, 16% dos óbitos pela doença aconteceram em cidades fora da região metropolitana da capital. Um ano depois, esse percentual subiu para 53%.
Se fosse um país, em números absolutos São Paulo seria hoje o nono no ranking mundial de óbitos pelo coronavírus, atrás de EUA, Brasil, Índia, México, Reino Unido, Itália, Rússia e França. O interior e o litoral paulista, por sua vez, seriam o 18º.
Já a Grande São Paulo, com 39 municípios e 47% da população do estado, reúne ainda mais vítimas, quando considerado todo o período da pandemia, devido sobretudo ao impacto dos meses imediatamente após a chegada do vírus. São cerca de 51% do total de óbitos registrados até o momento.