MENU

Fiscalização resgata 76 trabalhadores escravizados em fazenda de alho em MG

Empregados faziam as necessidades no mato, por falta de banheiros, e as jornadas passavam das 70 horas semanais

Publicado: 12 Novembro, 2021 - 16h38 | Última modificação: 12 Novembro, 2021 - 16h57

Escrito por: Pedro Stropasolas e Daniel Giovanaz, BdF

SRT/MG
notice
Auditores-fiscais encontraram alojamentos precários e utras irregularidades

Uma ação conduzida pelo grupo móvel de fiscalização e combate ao trabalho escravo da Superintendência Regional do Trabalho (SRTb/MG) resgatou, esta semana, 76 trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma fazenda de alho em Tapira (MG), que fica 400 km a oeste de Belo Horizonte (MG).

Os auditores-fiscais, que atuaram em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Militar de Minas Gerais, constataram condições degradantes de trabalho e jornadas exaustivas.

Os empregados não tinham remuneração fixa: recebiam conforme a produção. Os alojamentos eram precários e apertados, com dez em cada quarto.

Eram apenas quatro banheiros para quase 80 trabalhadores. Sem opção, muitos deles faziam as necessidades no mato, a céu aberto.

Segundo as informações levantadas até o momento, os trabalhadores eram aliciados de forma irregular no norte de Minas Gerais. O nome da fazenda ou do empregador ainda não foi divulgado.

O trabalho na propriedade era realizado de domingo a domingo, em jornadas superiores a 70 horas semanais.

Os empregados tinham que pagar pelas ferramentas de trabalho, e nem todos dispunham de equipamentos de proteção individual.

Não foi verificada nenhuma medida de prevenção à covid-19, e os empregados tinham que compartilhar as garrafas térmicas porque não havia reposição de água durante a jornada.

Trabalhadores que tiveram que se deslocar para tomar vacina contra o novo coronavírus tiveram as horas de trabalho descontadas, segundo informações apuradas no local.

Após a ação, o empregador foi notificado e cada trabalhador da fazenda recebeu uma indenização de R$ 4,5 mil por danos morais, além das verbas rescisórias e guias que dão direito a três parcelas de seguro-desemprego.

Todos os resgatados voltaram a suas cidades de origem.

Brasil de Fato aguarda retorno do coordenador da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), responsável pelo resgate, para mais informações. A matéria pode ser atualizada em breve.

Edição: Leandro Melito