Escrito por: Redação CUT

Fiscalização resgata caseiro de 93 anos em cidade histórica mineira

Trabalhador não tinha registro e exercia a função em um sítio há 26 anos

Reprodução

Um caseiro de 93 anos foi resgatado pela fiscalização na zona rural de São João Del Rei, cidade histórica mineira, em condição análoga à escravidão. Segundo auditores-fiscais da Superintendência Regional do Trabalho (SRT-MG), ele exercia a função há duas décadas e meia. Sem registro e em condições consideradas degradantes.

Ainda de acordo com os fiscais, além de não ter registro e consequentemente ficar sem direitos, a casa onde ele morava – cedida pelos patrões – “estava em péssimas condições, com o telhado quebrado, a varanda a ponto de desabar, os forros apodrecidos e as fiações elétricas expostas e cheias de gambiarras”. No banheiro, a carga do vaso sanitário não funcionava fazia muitos anos, “obrigando a família a usar baldes”. E também não havia pia para lavar as mãos.

“A esposa do trabalhador disse durante a ação fiscal que era necessário desligar o relógio de luz quando chovia, para evitar o risco de choques elétricos, ficando o casal, portanto, molhado, com frio e no escuro. A família tentava, em vão, evitar as goteiras colando fita crepe no forro”, relatou o auditor-fiscal Luciano Rezende. A ação foi feita em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal.

Goteira e janela aberta

“O trabalhador idoso era obrigado a dormir em um quarto com goteiras e janela sem vidro, por onde poderiam entrar insetos e animais peçonhentos da zona rural e que sujeitava o empregado às intempéries (vento, frio e chuva) em região de clima frio”, diz ainda o fiscal. “O padrão dos demais imóveis do empregador na propriedade contrasta com a casa do caseiro, mantido por 26 anos em uma situação degradante.”

Com isso, além da regularização do contrato e pagamento de direitos, os fiscais lavraram 12 autos de infração. O empregador foi notificado a recolher o FGTS. Já o trabalhador, segundo eles, “foi acolhido por parentes”.

Com informações do Ministério do Trabalho e Previdência e do Sinait (sindicato dos fiscais)