Escrito por: Redação CUT
“Quem tem que explicar é meu ex-assessor, não sou eu”, diz o senador eleito mais de uma semana depois que as denúncias de movimentações bancárias suspeitas foram feitas pelo Coaf.
Depois de declarar, via Twitter, que o ex-motorista, Fabrício Queiroz, era pessoa de sua total confiança e que havia lhe dado uma explicação plausível sobre a movimentação de R$ 1,2 milhão em um ano, considerada suspeita pelo Conselho de Controle das Atividades Financeiras (COAF), o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) agora diz que não tem de explicar nada. Ele também nunca disse que explicação plausível seria essa.
"Quem tem que dar explicação é o meu ex-assessor, não sou eu. A movimentação atípica é na conta dele", disse o filho mais velho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, antes da cerimônia de diplomação dos candidatos eleitos no Rio de Janeiro.
"No meu gabinete todo mundo trabalha", concluiu Flávio, provavelmente se referindo às denúncias feitas pelos jornais Folha de S Paulo e O Globo sobre pelo menos dois funcionários que não apareciam no gabinete, se limitaram a repassar os salários para o ex-motorista de Fávio Bolsonaro, como outros funcionários do então deputado carioca.
Uma das supostas funcionárias fantasmas é a filha de Fabrício, Nathalia Queiroz, que foi secretaria parlamentar de Bolsonaro pai e assessora de Flávio e, ao mesmo tempo, estudou e trabalhou - primeiro como recepcionista, depois como personal trainer. Todos os salários da moça pagos pela Alerj foram transferidos para a conta do pai. Que agora, como disse Flávio, terá de explicar o que fez com esse dinheiro todo.
Nesta quarta-feira (19), quando for depor no Ministério Público do Rio de Janeiro, o ex-motorista terá a oportunidade de explicar essa movimentação 'atípica' em sua conta corrente, por que cerca de nove funcionários do gabinete repassavam os salários para o motorista e segurança do deputado que se exonerou no dia 15 de outubro, mesmo dia em que sua esposa e Nathalia se exoneraram.
A denúncia
O relatório do COAF aponta uma sincronia de datas entre os dias de pagamentos de salários na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), depósitos em espécie e saques de dinheiro vivo na conta de Fabrício Queiroz. Além disso, os técnicos localizaram um cheque de Fabrício, no valor de R$ 24 mil para Michelle Bolsonaro. O marido disse que o valor se referia a um empréstimo de R$ 40 mil que teria feito ao amigo Fabrício.
A suspeita é que Fabrício, ex-policial militar e amigo de Bolsonaro pai de longa data, era o responsável por recolher parte dos salários de assessores do gabinete do deputado estadual, prática de alguns membros do Legislativo descoberta após a que resultou na Operação Furna da Onça.
Furnas da Onça
O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga 21 deputados e seus assessores citados no relatório do COAF. A investigação sobre Bolsonaro irá para um promotor de primeira instância após a posse em fevereiro, já que o ato sob investigação foi praticado antes dele tomar posse como senador.