FNDC completa 25 anos de atividade combatendo o golpe
Na ocasião, o Fórum iniciou campanha nacional para alertar a sociedade
Publicado: 19 Outubro, 2016 - 15h19 | Última modificação: 19 Outubro, 2016 - 15h35
Escrito por: Luciana Waclawovsky/CUT Nacional
Ao completar um quarto de século de lutas pela Comunicação no Brasil, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) lançou campanha contra a censura e a liberdade de expressão que o País vem sofrendo desde a institucionalização do golpe de Estado.
A celebração de 25 anos do Fórum, completados nesta terça-feira (18), aconteceu no Salão Nobre da Câmara dos Deputados e contou com a presença de diversos representantes da sociedade civil e movimentos sociais que atuam pela democratização da mídia. A solenidade está inserida na Semana Nacional de Luta pela Democratização da Comunicação, que ocorre até o dia 23 de outubro.
“Nós somos de uma geração que aprendeu a prezar pela democracia e vamos lutar para que ela seja restabelecida”, enfatizou Renata Mielli, coordenadora do FNDC. A campanha Calar Jamais, explicou Mielli, surge como uma espécie de retrocesso nas políticas propositivas do movimento. “Nós vivemos e lutamos no último período por uma agenda de diálogos e pontes para mostrar que não é possível construir um projeto de desenvolvimento nacional com inclusão, soberania nacional e justiça sem democratizar a comunicação”, esclareceu a jornalista. Segundo ela, o golpe jurídico, parlamentar e midiático colocou a sociedade em uma espécie de máquina do tempo e por isso foi preciso deixar momentaneamente as prioridades propositivas da entidade, “para colocar na ordem do dia uma agenda de denúncia e de resistência porque nós não vamos permitir que nos calem”.
Representando a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular (Frentecom), o deputado federal Jean Willys (Psol/RJ) falou que a história de lutas do FNDC coincide com o momento de redemocratização do Brasil e que, assim como a democracia nacional, a democratização da comunicação foi interrompida pelo duro golpe sofrido no primeiro semestre desse ano.
O parlamentar ressaltou a importância da campanha Calar Jamais: “neste momento delicado em que a democracia é apenas um holograma, uma aparência”. O deputado, que é jornalista de formação e atuou por mais de dez anos em redação de jornais, destacou, ainda, que o golpe de 2016 impõe novos desafios ao FNDC: “como se comunicar com as pessoas que são submetidas diariamente aos conteúdos dos meios de massa? A força do jornalismo comercial diário pode ser comprovada com a ascensão da direita conservadora na esmagadora vitória das eleições municipais de 2016”, observou Jean Willys.
“Se considerarmos o ódio que hoje atravessa o momento social do país, com a criminalização da esquerda, é notório que o discurso e a narrativa dos meios de comunicação de massa triunfaram”. Para ele, a PEC 241 é um caso emblemático, “se pegar o noticiário, as TVs abertas e mesmo os canais pagos de telejornal, existe a falta do contraditório dessa medida mesmo com tantos economistas, sociólogos, cientistas políticos e parlamentares que são contra. É fundamental que a gente pense nesse aspecto para enfrentar esses desafios”, desabafou.
Calar Jamais!
O vídeo de apresentação da campanha nacional Calar Jamais é impactante: com imagens fortes de tanque de guerra e repressão policial, mostra cenas ocorridas ao longo do primeiro semestre de 2016, mas que poderiam muito bem ilustrar um passado vergonhoso e que deixou marcas tristes na época da ditadura militar. Com a interpretação de Maria Bethânia ao clássico Cale-se de Chico Buarque, a peça mostra jornalistas e comunicadores que foram ameaçados ou passaram por alguma censura em blogues ou redes sociais. A campanha pode ser acessada no site Para Expressar a Liberdade.
(http://www.paraexpressaraliberdade.org.br/).
Histórico
O FNDC foi criado em 1991 e se constituiu como entidade em 1995. Desde então, articula associações, sindicatos, movimentos populares, organizações não-governamentais e coletivos para debater a democratização da mídia. Atualmente, são mais de 520 entidades filiadas nacionalmente através de 19 comitês regionais. Também atuou na discussão e formulação de políticas públicas como as leis do Cabo, das Rádios Comunitárias e do Marco Civil da Internet, na construção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), além de iniciativas próprias, como o Projeto de Lei da Mídia Democrática.