Escrito por: Redação CUT
Três a cada 10 famílias brasileiras passam fome, apesar do país ser um dos maiores produtos de alimentos do mundo. Nas regiões Norte e Nordeste a insegurança alimentar considerada grave é a maior do país
As regiões do Norte e Nordeste do país são as mais atingidas pela fome que assola milhões 125 milhões de brasileiros. Em todo o país, de cada 10 famílias, três vivem em insegurança alimentar grave - quando a família sente fome e não come por falta de dinheiro. A média nacional é de 15,5% das famílias nesta situação.
A população dos estados de Alagoas e do Amapá, levando em consideração o número de habitantes, são os que têm os maiores índices de insegurança alimentar grave.
Em Alagoas são 36,7% das famílias nesta situação e no Amapá são 32%. Na sequência, estão Pará e Sergipe, ambos com 30% da população atingida.
A média regional no Nordeste, de insegurança alimentar grave, é de 21%. No Norte é ainda maior: 25,7%.
A fome moderada quando há uma redução concreta da quantidade de alimentos e o padrão saudável de alimentação é rompido por falta de comida; também é maior nessas regiões. No Norte está em 19,5% e no Nordeste atinge 17,4%.
A fome leve, quando há preocupação ou incerteza se vai conseguir alimentos no futuro atinge 26,4% das famílias nortistas e para os nordestinos é maior com 29,6% nesta situação. Os dados são da pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN), divulgada nesta quarta-feira (14). Veja abaixo a situação do Brasil e regiões.
O levantamento mostra ainda que as famílias com renda inferior a meio salário-mínimo por pessoa estão mais sujeitas à insegurança alimentar moderada e grave. Segundo entrevista de Rosana Salles, professora do Instituto de Nutrição da UFRJ e pesquisadora da Rede Penssan, ao G1, uma parcela significativa da população com renda de até meio salário-mínimo não foi contemplada pelo Auxílio Brasil.
Essa é a situação de 76,5% dos domicílios desse perfil de renda em Sergipe e em 72% dessas casas no Maranhão. O índice é alto em diversos estados: 67,6% no Pará, 66,1% no Piauí e 65,7% em Santa Catarina.
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Além de não receberem o Auxílio Brasil, essas famílias estão endividadas, o fazendo com que a renda seja insuficiente para pagar as contas. Essa insegurança é verificada, entre os domicílios com esse perfil de renda.
Na maioria dos estados do Nordeste, pelo menos 45% das famílias estão endividadas – em Alagoas este índice chega a 57,5%. Os números também são altos no Amazonas (52,6%) e no Distrito Federal (55,6%).
Sergipe: 76,5% dos domicílios
Maranhão: 72,0%
Pará: 67,6%
Piauí: 66,1%
Santa Catarina: 65,7%
Ceará: 65,2%
Acre: em 65%
Rio Grande do Sul: 64,4%
Distrito Federal: 63,9%
Rio de Janeiro: 61%
São Paulo: 58,4%
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Região Sudeste concentra o maior número de pessoas com fome
Apesar das regiões Norte e Nordeste concentrarem percentualmente o maior número de famílias em insegurança alimentar, de acordo com os números da população; o Sudeste por concentrar o maior número de pessoas que vivem no país, tem numericamente o maior número de pessoas com fome
São Paulo, o estado mais rico do país fica na frente nesta lamentável situação. São 6,8 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave, e pelo Rio de Janeiro, com 2,7 milhões na mesma situação.
Considerando toda a população em insegurança alimentar (leve, moderada ou grave), São Paulo também lidera, com 26 milhões, seguido por Minas Gerais, com 11,2 milhões.
Segurança alimentar - 41,3%
Insegurança leve - 28%
Insegurança Moderada – 15,2%
Insegurança Grave – 15,5%
Segurança alimentar – 28,4%
Insegurança leve - 26,4%
Insegurança Moderada – 19,5%
Insegurança Grave – 25,7%
Segurança alimentar – 31,9%
Insegurança leve - 29,6%
Insegurança Moderada – 17,4%
Insegurança Grave – 21%
Segurança alimentar – 45,4%
Insegurança leve – 27,2%
Insegurança Moderada – 14,3%
Insegurança Grave – 13,1%
Segurança alimentar – 51,8%
Insegurança leve – 26,5%
Insegurança Moderada – 11,8,%
Insegurança Grave – 9,9%
Segurança alimentar – 40,5%
Insegurança leve – 31,1%
Insegurança Moderada – 15,5%
Insegurança Grave – 12,9%
Segurança alimentar – 38,5%
Insegurança leve – 29,3%
Insegurança Moderada – 19,1%
Insegurança Grave – 13,1%
Metodologia da pesquisa
A pesquisa foi realizada presencialmente de novembro de 2021 a abril deste ano, em 12.745 domicílios em 577 cidades, em todos os estados do país e no Distrito Federal.
Com informações do G1 e Brasil de Fato