Fora Bolsonaro racista foi o grito do Dia da Consciência Negra em todo o país
O Dia da Consciência Negra foi marcado por mais de uma centena de atos em todas as regiões do Brasil, na Europa e Estados Unidos contra o governo racista de Jair Bolsonaro
Publicado: 20 Novembro, 2021 - 17h15 | Última modificação: 20 Novembro, 2021 - 20h09
Escrito por: Rosely Rocha, Érica Aragão, Vanessa Ramos e André Accarini
Num país onde 56,1% da população é negra, segundo o IBGE, há a perversa realidade da fome, do desemprego, dos assassinatos de jovens pelas forças de segurança do Estado, do preconceito, amparado pelo racismo estrutural que com suas práticas discriminatórias, institucionais, históricas e culturais, segrega os negros e negras.
Diante de um governo que perpetua a segregação e defende que “não há racismo” no Brasil, inclusive por aqueles que deveriam se posicionar em favor da sua raça, como o presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, que ofende negros e negras, quilombolas e todos àqueles que ousaram desafiar as autoridades em nome da sua liberdade de seu povo, o Dia da Consciência Negra, neste sábado (20), que deveria ser de exaltação aos seus heróis, foi também de protestos com o “Fora Bolsonaro racista”.
Na Avenida Paulista, em frente ao MASP, o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, parabenizou a o movimento nacional #ForaBolsonaroRacista, a militância da CUT, o movimento sindical e os partidos e populares pelas manifestações que ocorreram nas capitais, nas principais cidades do país e no mundo.
Para ele não tem tarefa mais importante para a classe trabalhadora do que por um fim ao governo Bolsonaro porque ele é racista e criminoso.
“Nós queremos dizer que queremos outro país. Um Brasil com desenvolvimento, emprego, justiça social e democracia. Este Brasil não é possível com Bolsonaro e seu governo, pois cada dia dele na presidência é mais morte, mais fome e mais sofrimento. E não tem tarefa mais importante para a classe trabalhadora do que por fim ao governo Bolsonaro e, por isso estamos na rua hoje”, declarou o presidente da CUT Nacional.
A Secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Anatalina Lourenço, disse que a marcha de hoje teve como principal característica denunciar as políticas racistas do governo Bolsonaro. Segundo ela, 54% da população deste país é negra, portanto qualquer política de retirada de direitos deste governo impacta diretamente as trabalhadoras e os trabalhadores negros.
" A população negra que é 75% dos pobres deste país. Este dia é um dia de luta, dia de denúncia e de gritar bem alto: fora Bolsonaro racista. Em 2020 foram fechados cerca de 11 milhões de postos de trabalho , neste país, destes 11 milhões 8foram ocupados trabalhadoras negras e negros. O racismo organiza o trabalho e a inclusão no mundo do trabalho é necessária sim", afirmou.
Anatalina também ressaltou que a CUT é favorável as cotas, que tem que ser continuada.
"É impossível num país racista e excludente não ter políticas públicas includentes. E se não for focado, não atinge a população negra. Por uma sociedade justa, igualitária e antirracista: A CUT neste momento está aqui na marcha da consciência negra – na 18ª, comemorando 50 anos do dia 20 de novembro, como Dia de Zumbi dos Palmares e Consciência Negra".
A Secretária-Adjunta de Combate ao Racismo da CUT Brasil, Rosana Fernandes, ressaltou que neste dia, homens e mulheres negras estão ocupando as ruas das cidades brasileiras na busca de uma sociedade justa e igualitária.
"Nós que vivemos numa sociedade onde a violência pública tira a vida todo dia da nossa juventude, dos nossos meninos e meninas negras. Para você e todos aqueles que querem uma sociedade, onde as pessoas não sejam mortas por conta da cor da sua pele. Se você que quer uma sociedade onde a população negra possa viver com dignidade, voltando do trabalho ou voltando da escola, venha para rua e lutar por esta sociedade. Juntos e juntas vamos caminhar para uma sociedade mais democrática porque não existe democracia com racismo.
O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, disse que o manifestação é para combater a política de retrocesso direcionada à população negra no país. Por isso, hoje neste dia, disse, que celebramos o dia de Zumbi dos Palmares e combatemos o racismo, estamos neste ato pelo fora Bolsonaro racista.
“Bolsonaro quer acabar com a política de cotas, que garante os jovens negros nas universidades federais, que praticamente já foi inviabilizada a entrada ano que vem no ProUni, com o problema no INEP [profissionais do órgão pediram demissão dizendo que o governo federal interferiu nas perguntas do ENEN]. Na verdade, Bolsonaro é racista, misógino e não respeita a população e não faz nada para garantir igualdade.
Ainda na Paulista, movimentos culturais negros lembraram que a arte é uma força de resistência. Teve roda de capoeira, música e dança. Mas, os manifestantes também lembraram que “Vidas Negras Importam” e referenciaram os mais de 611 mil mortos pela covid-19, carregando cartazes, cruzes e imensas bandeiras.
Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida da Silva, estar na Paulista é um ato de resistência do movimento negro porque este desgoverno Bolsonaro acabou com as políticas públicas, e o povo negro é o que mais sofreu e sofre com a pandemia, é o que mais morre e ainda sofre sem saúde e educação.
Roberto Parizotti (Sapão) Dino Santos
Já a coordenadora da ala de baianas da escola de samba Unidos do Peruche, Márcia de Moura Paulino, presente à manifestação, falou sobre a importância da ala na história dos desfiles de Carnaval, para os negros, e por que em toda escola de samba elas são tão importantes .
“ A ala de baianas sempre foi uma resistência e, além de tudo, os africanos vieram, deixaram toda essa cultura e “africanidade “par que elas seguissem em frente. A ala segue e cuida dos filhos justamente como mães, tias e avós e são as mães do samba”, explicou Márcia.
Depois dos discursos pelo Fora Bolsonaro e em defesa das vidas negras, a multidão seguiu pela Rua da Consolação até o Teatro Municipal de São Paulo, no centro antigo, onde o ato foi encerrado.
Estiveram presentes na manifestação em São Paulo, os movimentos, Uneafro, MNU, Marcha de Mulheres Negras de São Paulo, Círculo Palmarino, Unegro, CONEN, APNs, Quilombação, CEN e CONAQ, entre outros, e representantes dos partidos políticos PT , PCdoB, PSOL, PCB, PSTU e PDT ,além de militantes do MTST; as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo; a UNE e UBES, representando os estudantes e pelas centrais sindicais, além da CUT, CTB, Intersindical e Conlutas.
Confira mais imagens da manifestação na Paulista.
A secretária-geral da CUT Brasil, Carmen Foro, em Brasília , falou sobre o profundo desconforto ter de pedir por consicência negra, já que o Brasil deveria ter consciência do quanto a população negra construiu a riqueza do nosso país.
A secretária-geral da CUT Brasil, Carmen Foro, fala sobre as mobilizações deste sábado - Dia da Consciência Negra -, em todo o país. #20NForaBolsonaroRacista
Em outras cidades e capitais do país, houve manifestações pela manhã e outras no período da tarde.
Confira como foi:
Na região norte teve manifestações em Manaus (Amazonas) , Macapá (Amapá) e Castanhal (Pará).
Marcando o Dia da Consciência Negra, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se somou aos diversos movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos, nesse importante ato que marca a luta em defesa da igualdade racial, da vida, da democracia e pelo #ForaBolsonaro em Belém, capital do Pará.
Saindo do histórico Mercado de São Brás e encerrando em frente à Basílica Santuário , os manifestantes caminharam e levaram ao debate público o preço abusivo da luz, que rouba os direitos de uma população que precisa escolher entre pagar a conta de energia e comprar umas das cestas básicas mais caras do Brasil.
Os nordestinos também foram às ruas gritar Fora Bolsonaro racista. Em Salvador, capital da Bahia, a manifestação do movimento negro e sociais começou no bairro Campo Grande, por volta da uma da tarde. Outra manifestação também na cidade, foi realizada no Parque Balneário Abelardo Wanderley.
Na Bahia, os quilombolas também protestaram contra o racismo do governo Bolsonaro, que durante um evento disse que tinha visitado um quilombo, e lá o mais leve pesava “ sete arroubas” comparando um ser humano com gado. O ato foi realizado no Senhor do Bonfim, no Quilombo Tijuaçu, na BR 407.
Nesse dia 20, os recifenses junto com a CUT Pernambuco e movimentos sociais e populares, foram às ruas lembrar a resistência do povo negro, para avançar na luta por uma sociedade livre de toda opressão. A concentração foi no Pátio do Carmo.
Com manifestações culturais, os sergipanos se reuniram no Dia da Consciência Negra e pelo fora Bolsonaro racista, em Aracaju, na Praça da Abolição, Bairro América.
Em São Luís, capital do Maranhão ,os moradores sairam pelas ruas lembrando também a 15ª Marcha da Periferia.
No Centro-Oeste, na capital do estado do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 5 mil pessoas participaram da manifestação, segundo os organizadores do Fora Bolsonaro racista.
A cidade de Londrina, no Paraná, a manifestou tomou conta de ruas da cidade, pedindo igualdade, emprego e democracia, além do Fora Bolsonaro racista.
Em Florianópolis, o 20 de novembro, foi marcado por atos de movimentos sociais, sindicais, partidos políticos e diversos coletivos que foram às ruas da capital de Santa Catarina, contra o racismo, pelo Fora Bolsonaro, contra a fome e pela vida.
Os atingidos por barragens, junto à Via Campesina e à Plataforma Operária e Camponesa da Água e da Energia estiveram presentes no ato, denunciando os altos preços dos alimentos, luz, combustíveis e gás de cozinha.
Um ato político cultural marcou o Dia da Consciência Negra em Chapecó, no oeste do estado de Santa Catarina. Lideranças se reuniram em frente à Praça Central, com cartazes e faixas contra a privatização dos Correios e pedindo o fim deste governo genocida e racista.
Ainda em Santa Catarina, na cidade de Lajes, apresentações culturais, música e falas políticas marcaram o ato deste sábado. A programação contou com a participação de grupos de hip hop, rap, capoeira e de terreiros de religiões afro-brasileiras.
Durante a mobilização também houve uma homenagem à Maria Odete da Costa, liderança do movimento negro representante da Pastoral Afro da Diocese. A organização foi da Convergência Negra, com apoio da Frente Fora Bolsonaro Lages.
Em Congonhas, também em Santa Catarina, os manifestantes no bairro Pires e em frente à prefeitura da cidade , denunciaram violações dos direitos da população.
Apesar da chuva que caiu na hora da manifestação, a luta “Fora Bolsonaro Racista”, reuniu manifestantes da cidade e de municípios vizinhos , Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco e Mariana, além de movimentos como o MAB, os partidos PT, PTSU, UP e organizações sindicais : Metabase, UJR, MML.
Na capital do Rio Grande do Sul, os gaúchos se concentraram no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre ,pelo Fora Bolsonaro racista, durante a Marcha Zumbi-Dandara.
Com o nome de Marcha Mestra Griô Sirley Amaro com #20NForaBolsonaroRacista, a mobilização, em Pelotas, Rio Grande do Sul, partiu do Altar da Pátria, na Avenida Bento Gonçalves, e seguiu na direção do centro até o Mercado Públicoo).
No litoral norte de São Paulo, em Ilha Bela, moradores se reuniram pelo Fora Bolsonaro racista.
Em Madureira, no Rio de Janeiro, os manifestantes sairam pelas ruas do bairro contra o racismo.
Já a noite, em Roma, brasileiros e italianos sairam pelas ruas da capital do país pedindo "fora, Bolsonaro racista".