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Ford pode ser acionada na justiça por danos à produção em cadeia no país

Em reunião virtual, Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté contribuiu com investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT)

Publicado: 20 Janeiro, 2021 - 08h15 | Última modificação: 20 Janeiro, 2021 - 09h12

Escrito por: Redação CUT

Ford / Divulgação
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O fechamento da Ford no Brasil ainda não é um assunto encerrado. A multinacional americana pode ser acionada na justiça caso for comprovado nas investigações do Ministério Público do Trabalho (MPT) que a ação da empresa causou danos na cadeia produtiva no país.

Para contribuir com as investigações, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau) participaram nesta terça-feira (19) de uma reunião virtual com procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) e apresentaram dados sobre a situação dos trabalhadores e da Ford na cidade. As informações vão auxiliar em três inquéritos abertos contra a montadora para analisar a situação das plantas de Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE).

O Sindmetau foi representado na reunião por seu presidente, Claudio Batista da Silva Junior, o Claudião, pelo coordenador sindical na Ford, Sinvaldo Cruz, e pelo assessor jurídico do Sindicato, Isaac do Carmo.

"Reforçamos para os procuradores a posição do sindicato pela manutenção dos empregos na Ford em Taubaté com a continuidade das atividades da montadora. Essa é uma luta de toda cidade, porque a saída da Ford pode trazer um impacto gigantesco para as famílias e para economia de Taubaté", afirmou o presidente do sindicato.

A entidade pontou que a Ford é alvo de cerca de 280 processos trabalhistas que envolvem um passivo consolidado que pode chegar a R$ 25, e ao mesmo tempo tem se beneficiado de incentivos fiscais em nível estadual e municipal. Somente em Taubaté, foram concedidos R$ 4 milhões de isenções municipais nos últimos cinco anos para a montadora norte-americana.

O conjunto de informações apresentado pelo sindicato abrange aspectos relacionados a acordos trabalhistas firmados com a empresa - inclusive com garantia de estabilidade nos empregos até 2021 -, os impactos socioeconômicos do fechamento da fábrica, processos trabalhistas em tramitação e benefícios fiscais oferecidos pelo município nos últimos cinco anos, além de uma agenda de mobilizações aprovada pelos trabalhadores.

Impacto direto e indireto

Entre as informações apresentadas pelo Sindicato ao MPT está um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O levantamento aponta um impacto de até 118,8 mil postos de trabalho no país com o encerramento da produção da Ford no país.

O número envolve trabalhadores diretos, indiretos e os empregos induzidos em setores como comércio e serviços. O estudo do Dieese aponta ainda que o impacto sobre a renda dos trabalhadores na cadeia expandida da Ford atinge R$ 2,5 bilhões. Já o impacto na economia de Taubaté, considerando apenas o 830 funcionários diretos da fábrica, pode chegar a 93,7 milhões ao ano, entre salários, PLR e abono.