Escrito por: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Ford recebeu incentivos bilionários e o retorno é fechar planta de São Bernardo

Sindicalistas participaram de reuniões com presidente da Câmara e da Assembleia Legislativa de SP, questionaram inventivos fiscais sem contrapartidas e cobraram: governo tem de negociar manutenção dos empregos

Adonis Guerra/ SMABC

Em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira (14) com os trabalhadores na Ford São Bernardo, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou os desdobramentos das reuniões realizadas na tarde de ontem (13) com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e com o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Cauê Macris (PSDB). Os metalúrgicos também foram chamados a participar de uma manifestação nesta sexta-feira (15), em frente à Alesp, durante a cerimônia de posse dos novos deputados.

O coordenador do comitê sindical na Ford, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, comentou com os trabalhadores como foi a reunião com Maia, em Brasília. “Apresentamos toda a situação da empresa e ressaltamos que ela recebeu muito dinheiro do Estado em incentivos fiscais, cerca de 7 bilhões de reais, só nos últimos cinco anos. O Estado tem a prática de dizer que não se mete com capital privado, mas dada a quantidade de dinheiro que a Ford recebeu no Ceará, com a Troller, e em Camaçari, na Bahia, podemos considerar que ela é uma empresa de capital misto. O governo tem sim de se envolver. Maia se comprometeu a analisar todo o histórico”, afirmou Paraíba.

Os representantes do Sindicato também pediram a Rodrigo Maia que interceda para que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) inclua o assunto na pauta da reunião que terá com presente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Maia assumiu o compromisso de conversar com o presidente. Também pedimos para que um representante dos trabalhadores pudesse integrar a delegação que vai aos EUA falar sobre as particularidades desse caso. Ele ficou de nos dar um retorno até sábado”. Segundo o sindicalista, o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, está reivindicando a inclusão de um deputado da bancada na delegação.

Adonis Guerra/ SMABC

No encontro com o presidente da Câmara Federal, também estavam o presidente da CUT, Vagner Freitas, o secretário-geral da central, Sérgio Nobre, e os membros do Comitê Sindical na Ford, Adauto de Oliveira e Vagner Batista.

Na reunião com o Cauê Macris, articulada pelo deputado estadual Teonilío Barba (PT), os representantes do Sindicato pediram o apoio institucional da Assembleia Legislativa de São Paulo na luta pelos empregos. O presidente da Casa reforçou que os deputados estão à disposição e que considera este assunto uma prioridade, dado o grave impacto social que acarreta.

De acordo com Alexandre Colombo, diretor-executivo do Sindicato que participou do encontro, Macris ressaltou que os deputados “não vão se furtar do seu papel”. “Ele nos garantiu que o legislativo fará tudo o que for necessário, enquanto atuação no poder público. Se for necessária uma carta, eles farão carta, se for necessário chamar os executivos, eles farão. Disse, inclusive, que se houve incentivos fiscais do Estado, os deputados vão cobrar”, relatou o dirigente. Além de Colombo, também participaram do encontro o ex-presidente do Sindicato e presidente do TID-Brasil, Rafael Marques, e o representante do Comitê Sindical na Ford, Francisco Macedo.

Compradores – Durante a assembleia, Paraíba também informou que não houve sinalização por parte da direção local da empresa a respeito de conversas com possíveis compradores. “Estamos cobrando a Ford sobre isso. Não sabemos até o momento de nenhum nome. Queremos a participação dos trabalhadores nesse debate. Queremos saber se os interessados são sérios e se têm propostas concretas para a manutenção dos empregos”.

Na tarde de hoje (quinta, 14) o presidente do Sindicato, Wagner Santana, terá nova reunião no Ministério Público do Trabalho, em São Bernardo. Os trabalhadores retornam à fábrica na próxima terça-feira (19) para receber orientações e informes.