Formei meus filhos e vivo tranquila graças a Lula. Maria José, 72, acampada
Costureira faz questão de acampar em solidariedade e apoio a Lula porque, segundo ela, ele mudou a sua vida e de muitas pessoas. "Eu lembro de toda ajuda que este homem deu ao povo brasileiro"
Publicado: 16 Abril, 2018 - 12h50 | Última modificação: 16 Abril, 2018 - 13h12
Escrito por: Denise Veiga, especial para a CUT
O acampamento Lula Livre, instalado perto da sede Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-presidente Lula é mantido como preso político desde o dia 7 de abril, recebe centenas de caravanas diariamente. São trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade dispostos a ficar acampados dando apoio a Lula até que ele seja libertado. Eles resistem ao sol, à chuva e ao frio do Sul de forma calorosa, disciplinada e, apesar do esforço necessário, com alegria e determinação.
E esse clima de solidariedade e esperança atrai cada vez mais pessoas. A costureira Maria José de Jesus e Silva, 72 anos, mãe de três filhos, que nasceu em Londrina, mas mora em Curitiba há nove anos, foi uma das que decidiu acampar depois de acompanhar o que está acontecendo. Ela, que diz deve muito a Lula, procurou a barraca da organização do acampamento pedindo um espaço para acampar ao menos uma noite porque acredita que isso é o mínimo que pode fazer por uma pessoa que fez tanto por ela e sua família.
“Não tenho barraca, mas tenho cobertor e a obrigação de ser solidária a Lula. Pelo menos o Silva do Lula eu tenho”, disse ela emocionada, lembrando como sua vida mudou no governo do ex-presidente.
Dona Maria contou ao Portal CUT que criou os filhos com sacrifício, mas todos se formaram durante o governo Lula, período rico na criação de políticas públicas que garantiram o acesso dos mais pobres à universidade. Em 2001, um ano antes de Lula assumir a Presidência da República, três milhões de estudantes estavam na graduação. Em 2010, o Brasil tinha 6,4 milhões de pessoas curando faculdade.
Os filhos de dona Maria estão entre os beneficiados por essas políticas. Ela diz, ainda, que as políticas públicas de Lula em áreas sociais também ajudaram a mudar a sua vida. “Eu sou viúva e criei meus filhos sozinha. Conheço este país antes e depois de Lula. Consegui formar meus filhos e hoje vivo uma vida tranquila graças ao Lula”.
Para ela, a perseguição a Lula não vai destruir os sonhos de quem quer ver o ex-presidente ser libertado e, de novo, cuidar do povo brasileiro.
“Eles querem acabar com Lula, mas não vão conseguir. Estou aqui para dormir aqui e ajudar o Lula a acabar com esta pressão”, afirma.
Segundo ela, quem quer tirar Lula são os ricos, que não precisam do governo e querem acabar com os direitos dos pobres. “Eu não quero dinheiro, quero que o Lula acabe com a fome dos pobres e abra as portas para os nossos filhos trabalharem. Só isso que eu quero. Na verdade, todos precisam do Lula. Só os ricos não querem isso’”, disse emocionada.
Dona Maria lembra que os bons momentos foram esquecidos pelo povo. “Por exemplo, Muita gente grita que não quer Lula, mas os dentes da boca foram dados pelo Lula. Sim tem que falar. Muitas domésticas deixaram de ser domésticas, arranjaram outros empregos e hoje voltaram a ser humilhadas pelo patrão. Eu lembro de toda ajuda que este homem deu ao povo brasileiro. Quero dormir uma noite aqui é o mínimo que posso fazer em solidariedade a Lula. O cobertor eu trago, só quero um canto”, enfatiza.
Maria de Jesus chegou sem alardes com muita humildade, quando indicaram a ela a barraca da organização. Ela voltará no final da tarde para ver qual a melhor forma de acomodação. Assim ela saiu sorridente e emocionada.
A diferença de acampados não é grande, mas há mais mulheres que homens, guerreiras históricas, outras, mais novas, mas todas com a valentia explodindo nos olhos. Os jovens desfilam com bandeiras nas mãos. Esta é uma composição humana capaz de carregar os sonhos e o futuro em cada passo.