Escrito por: CUT
Para participantes, práticas antissindicais e ataques a direitos são aberração
Palco dos primeiros passos do Fórum Social, auditório do Semapi-RS recebeu a oficina
“Nosso enfrentamento com o Mc Donalds é porque ele é o carro-chefe do trabalho escravo no Brasil. Já o Walmart está puxando a demissão em massa, com o anúncio de fechamento de 60 lojas no Brasil”, sublinhou Antonio Almeida, secretário-geral da Contracs (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços), entidade promotora da oficina que aconteceu no auditório do Semapi (Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul). Das 60 unidades a serem fechadas pelo Walmart, 12 seriam no Estado, 10 no Paraná e duas em Santa Catarina, concentrando o facão no Sul do país.
De acordo com a líder cutista Mara Feltes, coordenadora regional da Contracs, “quando estas grandes redes se estabelecem, pedem subsídio e desoneração, mas logo depois impõem sua voracidade e matam o comércio local, espalhando o desemprego entre os pais de família”. O Fórum Social Mundial nasceu neste espaço do Semapi, lembrou Mara, “sendo assim, nada mais justo do que fazermos esta reflexão e denúncia sobre práticas empresariais que atentam contra a justiça e o próprio trabalhador, sendo a negação do mundo que queremos e vamos construir”.
Representando o Observatório Social, Lucilene Binsfeld alertou para o grande número de abortos espontâneos entre as caixas de supermercado
Muitas vezes, assinalou o procurador, o mau patrão se aproveita, “fazendo com que o trabalhador fique à disposição, para ser chamado na hora que a empresa bem entenda”. Em relação a redes como o Walmart e outras megaempresas, lembrou Fleischmann, “é importante assinalar que a imposição de metas também gera uma violência no local de trabalho, pois atenta contra a dignidade da pessoa humana”. Além disso, frisou, “há um impacto terrível sobre a saúde e a segurança, gerando adoecimentos e acidentes”.
Secretário de Relações Internacionais da Contracs, Eliezer Gomes condenou postura antissindical do Walmart
Para o jornalista Leonardo Wexell Severo, assessor da Secretaria de Relações Internacionais da CUT, há uma disputa que extrapola a questão sindical. “A globalização é o novo nome do imperialismo, uma forma dos países centrais ampliarem a sucção das nossas riquezas a partir dos tentáculos das suas transnacionais. Eles chegam, pedem todo tipo de subsídio e renúncia fiscal, sem qualquer contrapartida social, mas na hora que a crise aperta mandam os recursos para os seus países de origem, como fez recentemente a Telefonica”, disse. Conforme Severo, “há uma disputa política, econômica, ideológica e cultural onde temos de estimular os sindicalistas a pensarem com a própria cabeça e andarem com os próprios pés, tendo como prioridade o nosso mercado interno, a defesa intransigente do aumento real de salários e do avanço dos direitos”.
WALMART E SUAS BANDEIRAS
Com faturamento anual no país de R$ 29,6 bilhões (2014) e 540 lojas físicas, o Walmart tenta encobrir seu monopólio - e vender a sensação de uma hipotética “concorrência” - atuando encoberto com nove bandeiras. São elas: BIG (Hipermercado na região Centro-Sul); Bompreço (Supermercado na região Nordeste); Hiper Bompreço (Hipermercado na região Nordeste); Mercadorama (Supermercado no Paraná); Maxxi Atacado (Atacarejo em todo o Brasil); Nacional (Supermercado no Rio Grande do Sul e Santa Catarina); Sam's Club (Clube de compras em todo o Brasil); Todo Dia (Supermercado de bairro em todo o Brasil) e Walmart Supercenter (Modelo intermediário entre o Hipermercado e o Atacarejo nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste). “Em sua divisão especial o Walmart também possui postos de gasolina, restaurantes, cafés, foto centers e farmácias com forte participação na modalidade e-Comercio atendendo todos os Estados brasileiros mais o Distrito Federal”, frisou Eliezer.
Para barrar os abusos e atropelos das empresas e negociar acordos em condições mais vantajosas aos trabalhadores, explicou Almeida, a Confederação cutista organizou oito Comitês Sindicais (Mc Donald’s, Walmart, Carrefour, C&A, Ceconsud, Casino, Accor e SHV-GÁS) que entrarão em campo neste ano com atuação redobrada.
Coordenador da rede de trabalhadores do Walmart, Olinto Teonácio Neto apontou que entre o festival de arbitrariedades e irregularidades praticado pela transnacional “estão o assédio moral, a prática antissindical, a alta rotatividade, as diferenças salariais na mesma função, as super jornadas, o desvio de função, o descumprimento de leis e convenções coletivas e o arrocho salarial”. Ao que se soma agora, condenou, este anúncio do fechamento de 60 lojas no Brasil, o que provocaria uma demissão em massa em um momento de contração da economia.
Para Antonio Carlos da Silva Filho, coordenador da rede de trabalhadores do Mc Donald’s, a unidade e a mobilização da categoria é essencial na solidariedade a companheiros a quem é vedada, na prática, a sindicalização. “A realidade é que muitos destes trabalhadores, extremamente jovens, sequer ganham o salário mínimo, são submetidos a uma jornada móvel variada, sofrem com o acúmulo de função sem a devida remuneração. Além disso, o Mc Donald’s não reconhece a insalubridade de várias funções, deixa de remunerar horas extras, retira intervalo de descanso e refeição, frauda holerites e ainda utiliza mão de obra de adolescentes em atividades insalubres”, concluiu.