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Fóruns sociais das Resistências e da Justiça e Democracia começam nesta terça

A marcha de abertura será conjunta e tomará as ruas da capital gaúcha na terça-feira (26), com concentração às 17h, no Largo Glênio Peres

Publicado: 25 Abril, 2022 - 09h14 | Última modificação: 25 Abril, 2022 - 09h20

Escrito por: CUT-RS

Reprodução
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Após 20 anos da primeira edição sob o slogan “Um outro mundo é possível”, Porto Alegre irá sediar na próxima semana dois eventos híbridos e preparatórios ao Fórum Social Mundial 2022, que será realizado de 1º a 6 de maio na Cidade do México. Ambos estavam agendados para o final de janeiro, mas foram adiados por causa do alto risco de contaminações do coronavírus naquele período.

Trata-se da terceira edição do Fórum Social das Resistências, que reúne centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda em defesa dos direitos dos povos e do planeta, e a primeira edição do Fórum Social Mundial Justiça e Democracia, que congrega entidades representativas dos profissionais do Sistema de Justiça, centrais sindicais e movimentos sociais.

A marcha de abertura será conjunta e tomará as ruas da capital gaúcha na terça-feira (26), com concentração às 17h, no Largo Glênio Peres. A caminhada seguirá pela Avenida Borges de Medeiros.

As diversas atividades, incluindo debates, painéis, shows e assembleias, se estenderão até sábado (30), véspera do 1º de Maio, dia internacional do trabalhador e da trabalhadora, que será marcado com um ato cultural, às 10h, junto ao Espelho d’Água, no Parque de Redenção.

Coletiva de imprensa

Para divulgar os dois fóruns, foi realizada uma coletiva de imprensa no final da manhã desta sexta-feira (22), no Espaço de Convergência Adão Pretto, no térreo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

O integrante gaúcho no Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, Mauri Cruz, recordou que o evento nasceu em Porto Alegre, em 2001, num momento em que o capitalismo e o neoliberalismo eram apontados como o único caminho para as sociedades do planeta. Surgia então o slogan “Um outro mundo é possível” para afirmar que o capitalismo não atendia as necessidades de bem viver da humanidade, sendo, inclusive, causador de crises e responsável pelos problemas ambientais e pela desigualdade.

Ele destacou a importância dos dois fóruns no momento político atual. “Estamos articulados com o 1º de Maio. Todos os temas, que a humanidade está discutindo hoje, estarão sendo discutidos em Porto Alegre e serão encaminhados para a discussão no Fórum Social Mundial na Cidade do México”.

Para Mauri, “o Fórum das Resistências, e da Justiça e Democracia, põem luz a isso, mas é um processo que só funciona se for global. Então a gente espera que no México se consiga sair com algumas estratégias globais necessárias para esse período. Os próximos 30 anos serão de mudanças radicais. Na história, as coisas não mudam tão rapidamente, embora tenham momentos históricos que representem ruptura. O papel do processo do Fórum é muito grande, porque é um dos poucos espaços plurais que articula a cidadania e os movimentos sociais de uma postura anticapitalista".

Desafios para mudar os rumos da história

O secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, salientou que “estamos diante de uma oportunidade para fazer um grande debate em Porto Alegre para o mundo inteiro sobre os desafios que temos pela frente para mudar os rumos da história, levar propostas para o Fórum Social Mundial e contribuir para que a gente possa mudar essa agenda de ataque aos direitos, à democracia e à soberania dos povos”.

O dirigente sindical protestou contra o prefeito Sebastião Melo (MDB), que está querendo demolir o Anfiteatro Pôr do Sol. “Esse espaço que foi palco de grandes manifestações culturais do Fórum Social Mundial e foi abandonado pelas últimas gestões neoliberais. É um absurdo essa situação”, denunciou.

Ademir enfatizou algumas pautas da classe trabalhadora que serão debatidas nos dois fóruns, como as novas relações de trabalho, após as reformas depois do golpe de 2016. “Tivemos a reforma trabalhista, a reforma da Previdência e o mundo do trabalho ficou mais precário. Temos aí o avanço das novas tecnologias, os aplicativos, novas formas de organização do trabalho e precisamos aprofundar o debate para representar esses trabalhadores e essas trabalhadoras”, frisou.

“Estaremos também em oficinas que tratam da questão do capitalismo, da economia solidária, da democracia e da comunicação pública. Temos muito a dizer em defesa do emprego, da saúde, da educação, do trabalho decente e, sobretudo, manifestar a nossa esperança de que podemos virar essa página. Esse é o ano de devolver o Brasil para os trabalhadores e as trabalhadoras”, apontou o dirigente da CUT-RS.

Continuamos acreditando que um outro mundo é possível

A vice-presidente da CTB-RS, Silvana Conti, observou que “temos uma grande expectativa porque continuamos acreditando nesse outro mundo possível. Apesar deles, amanhã vai ser um outro dia. A gente vai conseguir levantar novamente, acreditando que o Brasil pode e deve ser um país justo, solidário, fraterno, democrático e que tenha uma agenda da classe trabalhadora”.

A representante do Fórum Social Mundial Justiça e Democracia, Paula Freitas de Almeida, ressaltou que “a gente precisa refletir, criticar, reconstruir e pensar um outro mundo possível também a partir das nossas instituições, dos Sistemas de Justiça. A gente não se reconhece como um encontro, mas como um processo, um movimento. Estamos em construção contínua”.

Ela citou os cinco eixos iniciais que estarão em debate: capitalismo, desigualdade, relações sociais, mundo do trabalho e sistemas democráticos de justiça. “A graça presidencial de Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira mostra a importância e a necessidade de que cada vez mais estejamos, enquanto sociedade, organizados para resistir a essas investidas de violência institucional ao nosso processo democrático”, destacou Paula.

A promotora de Justiça e integrante do coletivo Transforma MP, Alessandra Queiroga, falou que "o Fórum Social Mundial Justiça e Democracia é um evento inédito que acontece pela primeira vez e estamos tendo a oportunidade de fazer uma discussão ampla, envolvendo os atores do Sistema de Justiça e os movimentos sociais".

“Começamos esse processo ainda em 2020, no contexto da pandemia. Nós começamos a fazer ações coletivas e, a partir disso, surgiu a ideia de transformar esse encontro em um fórum social. Fizemos diversas atividades virtuais e agora será nosso primeiro encontro presencial. A ideia é que consigamos elaborar ações conjuntas, metas, questões concretas. Estamos pensando uma articulação que continue depois”, salientou Alessandra.

Fortalecer as lutas pela moradia e em defesa do meio ambiente

A coordenadora estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Ceniriani Vargas da Silva, a Ni, lembrou que “o Fórum Social das Resistências representa, para os movimentos sociais do campo e da cidade, um espaço importante de articulação de estratégia coletiva dessas lutas que fazemos no dia a dia”.

Ni explicou que “a nossa convergência principal acaba sendo a luta contra os despejos. Nós tivemos nesse período de pandemia o agravamento da luta pela moradia, sendo resultado da dificuldade de acesso ao emprego, o aumento da miséria e a falta de políticas públicas para enfrentar essa realidade”.

A pesquisadora Lucimar Siqueira, integrante do Observatório das Metrópoles, salientou a importância da pauta ambiental e urbana para o Fórum Social das Resistências, destacando as lutas contra as desigualdades e a busca de soluções conjuntas.  

Quem não puder acompanhar presencialmente as atividades poderá acessar as redes sociais das entidades e os sites dos fóruns.

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