Escrito por: GETULIO XAVIER - Carta Capital

Frente de evangélicos declara apoio a Lula e compara Bolsonaro a anticristo

Grupo Evangélicos pelo Estado de Direito tem representação em 20 estados brasileiros e, segundo o comunicado, se posicionou com ‘anuência majoritária’ das suas lideranças regionais

Divulgação Lula/Ricardo Stuckert... Leia mais em https://www.cartacapital.com.br/politica/frente-de-

A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito anunciou, nesta quinta-feira 18, que apoiará o ex-presidente Lula (PT) já no primeiro turno das eleições de outubro deste ano. Segundo o comunicado divulgado pelo grupo, que tem representação em 20 estados brasileiros, a declaração de apoio ao petista se fez necessária diante das ameaças de Jair Bolsonaro (PL) e ocorreu com a anuência majoritária de suas lideranças.

O grupo destaca que, ‘em tempos normais’, “bastaria enfatizar o respeito à liberdade de consciência política de cada cidadão” sem a necessidade de declarar apoio a qualquer candidato. Diante das ameaças institucionais de Bolsonaro, no entanto, a frente de evangélicos diz ter visto necessidade de se posicionar de forma mais enfática:

 “Esse estado de coisas o qual combatemos desde o nosso nascedouro em 2016, com o golpe armado contra a Presidenta Dilma Rousseff, continua em curso, com ameaças diuturnas das forças reacionárias sustentadas pelo governo federal e pelo próprio presidente, com tentativas de controlar os resultados através da ação de setores da polícia Federal e das próprias Forças Armadas”, explica.

Estamos convencidos de que a vitória imediata de Lula, como único candidato que faz frente à reeleição desse que aí está, trará de volta à nação seu pleno Estado de Direito”, reforça em seguida o grupo, que se define como uma frente formada por ‘mulheres e homens evangélicos de perfil democrático’.

O texto diz ainda que Bolsonaro, além de uma ameaça democrática, seria uma representação de um ‘anticristo’. O texto cita as políticas negacionistas adotadas pelo atual governo durante a pandemia, o retorno do País ao mapa da fome e a liberação desenfreada de armas de fogo como motivadores da classificação dada por eles ao ex-capitão. Na sequência, reforçam, Lula seria a única alternativa no momento para conter essa ameaça representada por Bolsonaro.

“Para nós, baseados na interpretação bíblica da Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses, o Estado de Direito é a força civil instituída por Deus para deter as forças destruidoras do Anti-Messias, forças essas responsáveis pela destruição dos seres humanos, por meio da doença (COVID-19), da fome e da violência generalizada (armamentismo e emparelhamento das forças militares e paramilitares) ou seletiva (indígenas, população negra, mulheres e LGBTQI+)”, diz a nota, que lista ainda uma série de ataques de Bolsonaro ao meio ambiente.

“Se não detivermos essa situação de modo imediato, muito mais vidas serão ceifadas, e todo o futuro, não só do Brasil, mas de todo o planeta, estará ameaçado. […] Por isso, entendemos que não nos resta outra opção diante de Deus, nosso Pai, e de Cristo Jesus, nosso Senhor, se não partirmos de imediato, e em primeiro turno, para a derrota do governo Bolsonaro, com o apoio à candidatura do Presidente Luís Inácio Lula da Silva”, conclui a frente de evangélicos na carta divulgada nesta quinta.

Vale ressaltar que, apesar do apoio público da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Lula não é unanimidade no segmento religioso. Pesquisas recentes apontam que o ex-presidente estaria em desvantagem no grupo que atualmente forma a principal base de apoio de Bolsonaro.

A mais recente pesquisa Quaest, por exemplo, mostra que o ex-capitão tem aprovação de 46% e reprovação de apenas 25% dos evangélicos entrevistados. O dado contrasta com o índice geral apontado no levantamento, em que Bolsonaro é reprovado por 41% e aprovado por apenas 29%. Na mesma pesquisa, 52% dos evangélicos entrevistados indicam voto em Bolsonaro e apenas 28% aponta preferência por Lula. Novamente, o dado difere do resultado geral, quando o ex-capitão é mencionado por 33% dos entrevistados e Lula por 45%.