Escrito por: Redação CUT
Quem exerce funções em áreas externas podem ter problemas respiratórios e cardiovasculares. Leis garantem condições de trabalho para quem tem carteira assinada. Em SP foram registrados 76 óbitos por Srag
As queimadas e incêndios que devastam diversas regiões do Brasil geram impactos econômicos, ambientais e, sobretudo, à saúde pública. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 60% do território brasileiro já está coberto por fumaça, afetando uma área de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados. O fenômeno tem origem no calor intenso, na falta de chuvas e nas práticas de alguns empresários do agronegócio, que utilizam o fogo para limpeza de terrenos destinados ao pasto ou à monocultura em grande escala, frequentemente de forma legal, mas também criminosa. Até o momento, a Polícia Federal investiga 52 casos de queimadas ilegais.
O cenário agrava a crise de saúde pública, especialmente em grandes cidades, onde a combinação entre poluição e o chamado "clima de deserto", que afeta mais de 200 municípios brasileiros, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), gera partículas finas que, ao serem inaladas, atingem o sistema respiratório, provocando doenças pulmonares e cardíacas. Em São Paulo, de agosto à primeira semana de setembro, a Secretaria Municipal de Saúde contabilizou 1.523 casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag), resultando em 76 óbitos.
O Ministério da Saúde emitiu orientações para mitigar os efeitos da fumaça, incluindo o aumento da ingestão de água, evitar atividades ao ar livre e o uso de máscaras N95. No entanto, essas medidas são difíceis de adotar para trabalhadores informais e de rua, uma camada da população que vive em condições precárias e exposta diretamente à poluição.
Esses trabalhadores, que muitas vezes não têm a proteção de leis como a Norma Regulamentadora ( NR 17 )– que regulamenta o conforto térmico e a qualidade do ar em ambientes climatizados –, enfrentam os efeitos das queimadas sem a possibilidade de se abrigarem em locais protegidos. Diferente dos empregados formais, que têm garantias legais para a manutenção de condições adequadas de trabalho, os trabalhadores informais, vendedores ambulantes e catadores, por exemplo, estão à mercê das condições extremas, com poucas opções para se protegerem dos danos à saúde.
A crise das queimadas, assim, escancara a desigualdade no acesso a direitos básicos e proteção, ampliando os riscos para os trabalhadores que dependem das ruas para sobreviver. Esses profissionais são parte fundamental da economia, mas, diante do avanço das queimadas e da fumaça, permanecem vulneráveis, sem assistência adequada ou políticas públicas que os resguardem. Por esses motivos é preciso que os trabalhadores informais e à população em geral tome cuidados essenciais para evitar problemas à saúde.
Responsabilidade das empresas
As empresas privadas e os órgãos do serviço público cuja administração se preocupam com o ”fator vida”, devem adotar alguns cuidados a fim de proteger a integridade e a saúde de seus trabalhadores, em especial das condições climáticas extremas que estamos vivendo.
1 – Garantir a ventilação e a climatização dos ambientes de trabalho.
2 – Fornecer aos trabalhadores água potável em quantidade satisfatória
3 – Promover pausas em ambientes ventilados e frescos
4 – Fornecer EPI´s adequadas a trabalhadores que precisam estar em ambientes quentes
Como se proteger – Fonte: Ministério da Saúde