FUP protesta contra morte na P-19 da Petrobras e alerta para risco de mais acidentes
Trabalhador terceirizado da petroleira, Patric Carlos atuava como caldeireiro na P-19, localizada na Bacia de Campos. FUP alerta: desmonte da Petrobras pode provocar novos acidentes
Publicado: 03 Agosto, 2022 - 15h02 | Última modificação: 03 Agosto, 2022 - 18h08
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Um trabalhador terceirizado da Petrobras morreu, nesta terça-feira (2), após um acidente na plataforma de exploração de petróleo P-19.
Patric Carlos, tinha 37 anos, era contratado pela empresa GranIHC Services S.A., onde estava há apenas dois meses e oito dias, e atuava como caldeireiro. Ele morreu por intoxicação após falha em um moto-gerador produzir um vazamento de CO2 no espaço fechado onde Carlos trabalhava.
Na manhã desta quarta-feira (03), dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindipetro-NF realizaram um protesto no Heliporto do Farol de São Thomé, em Campos dos Goytacazes (RJ), um dos pontos de embarque de trabalhadores para as plataformas da Bacia de Campos. Os petroleiros alertaram sobre a insegurança do trabalho que pode vitimar mais trabalhadores.
Segundo o Sindipetro NF, no local onde Carlos morreu, que é fechado, acontecia uma obra de retirada de piso gradeado e há informações de que outros três trabalhadores também estavam na sala e poderiam ter sido vitimados.
A redução progressiva de investimentos da Petrobras em segurança tem provocado o sucateamento das instalações, denunciou o coordenador do Sindipetro NF, Tezeu Bezerra.
“Mais um trabalhador perde a vida na Petrobras, fruto da precarização das condições de trabalho e da redução de investimentos em segurança. Lutaremos por melhores condições e participaremos da comissão de investigação de acidente”, afirmou durante o ato desta quarta.
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FUP lamenta morte e fala em risco de não voltar para casa
Em nota denunciando o acidente, a FUP lamentou a perda de mais um trabalhador, vítima da insegurança nas unidades da Petrobras, onde o risco de não retornar vivo para casa é cada vez maior, em função do grave desmonte que ocorre na empresa, desde 2016, e que foi intensificado no governo Bolsonaro.
“Não é possível que pessoas continuem morrendo em acidentes dentro de seus locais de trabalho. A empresa é responsável pelas pessoas que estão dentro de suas unidades. Até quando famílias perderão seus entes queridos por descaso da Petrobrás? É inadmissível. Sinto muito pela família do Patric Carlos”, afirmou, indignado, o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Só em 2022, já ocorreram três mortes por acidentes na Petrobrás. Em fevereiro, um trabalhador faleceu durante serviço realizado em espaço confinado na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. Em março, ocorreu um acidente fatal em um helicóptero contratado pela Petrobrás, na Baía de Camamu, no baixo-sul da Bahia.
Segundo o Sindipetro-NF, petroleiros e petroleiras da P-19 paralisaram suas atividades desde ontem, impactados pelo luto e em protesto contra a insegurança. O sindicato reforça que é muito importante que todas as informações sobre o caso sejam enviadas para denuncia@sindipetronf.org.br, com garantia de sigilo sobre a identidade dos denunciantes
“Poderia ser você”
O ato no Farol começou nas primeiras horas da manhã desta quarta. Sindicalistas fincaram cruzes nos canteiros próximos à entrada do heliporto e estenderam faixas. Uma delas alerta o trabalhador que “poderia ser você”, conscientizando sobre a necessidade de todos priorizarem a luta pela segurança no trabalho.
Patrick era casado, tinha dois filhos e era natural de São Mateus (ES). O sindicato ainda não tem informações sobre o sepultamento.
O diretor de SMS da FUP, Antônio Raimundo Teles, vai representar o Sindipetro-NF na comissão de investigação do acidente, que começou ontem mesmo a ser formada. A entidade questiona a razão do disparo de CO2 em uma sala com pessoas, quando só pode ocorrer para debelar incêndio e quando estiver vazia.
O Sindipetro-NF denunciou mais um episódio de práticas antissindicais da gestão da Petrobrás, que, mesmo em um momento de luto da categoria petroleira, não permitiu a entrada no heliporto da fotógrafa Gabriela Fonseca, contratada pelo Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF para cobrir o protesto. As imagens precisaram ser feitas à distância, de fora da instalação.
[Com informações da FUP e do Sindipetro-NF]