FUP: Venda da Reman é mais um crime contra a população e o país
Essa venda representa mais prejuízos para o país e para o povo, que perde um patrimônio nacional e ainda vai arcar com mais reajustes dos preços dos combustíveis, denuncia a FUP
Publicado: 26 Agosto, 2021 - 10h44 | Última modificação: 26 Agosto, 2021 - 12h16
Escrito por: Redação CUT
A gestão bolsonarista da Petrobras anunciou na noite desta quarta-feira (25) a venda da Refinaria Isaac Sabá, de Manaus (Reman), junto com o terminal de armazenamento, para a empresa Ream Participações, dos mesmos donos da Atem Distribuidora.
A Reman, que tem capacidade de processamento de 46 mil barris por dia, foi vendida por US$ 189,5 milhões (R$ 994,1 milhões), valor representa apenas dois meses de faturamento da unidade, segundo o secretário de Comunicação da CUT, o petroleiro Roni Barbosa.
Mas a empresa vai pagar em duas parcelas. A primeira, de US$ 28,4 milhões (R$ 148 milhões) no ato da venda e a segunda, de US$ 161,1 milhões (R$ 845 milhões), no fechamento da operação, que está sujeita a cumprimento de condições, como a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O processo de venda foi feito sem transparência e chegou a ser denunciado pelo Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM), que impetrou uma Ação Civil Pública junto os sindicatos de taxistas e de mototaxistas de Manaus.
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, chama atenção para as arbitrariedades em torno da venda da Reman, feita às escusas e com preços abaixo do valor de mercado.
“Novamente vemos um ativo de suma importância para a Petrobrás, para o país e, em particular para a região Norte, entregue a preço de banana, assim como ocorreu com a Rlam, na Bahia", afirmou, lembrando que a venda das refinarias causa prejuízos a todo o país.
"É uma forma da gestão da Petrobrás impor na marra o Preço de Paridade de Importação (PPI) como uma política de Estado e, assim, favorecer ainda mais o mercado”, alerta Deyvid.
Crime contra o povo e contra o país
A privatização é mais um crime contra a população, que já vem sendo penalizada com preços abusivos dos combustíveis, por conta de uma política que prioriza o lucro dos acionistas privados, sem qualquer preocupação com o consumidor, denuncia a FUP.
De acordo com a FUP, essa venda representa mais prejuízos para o país e para o povo, que perde um patrimônio nacional e ainda vai arcar com mais reajustes dos preços dos combustíveis.
Como a FUP vem alertando, as vendas da Reman e da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, criarão monopólios regionais privados, que comprometem o abastecimento das regiões Norte e Nordeste, o que significará preços ainda mais caros para os combustíveis. O litro da gasolina já é vendido por mais de R$ 7 na região e vai disparar com a privatização das refinarias e terminais.
Risco de desabastecimento
O Tribunal de Contas da União (TCU) reiterou em relatório recente uma preocupação já explicitada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) no ano passado: a ausência de uma regulação para um mercado de refino com vários agentes causa sérios riscos de desabastecimento. Ou seja, além de pagar mais, a população pode até mesmo ficar sem os derivados.
Impactos econômicos no Norte e Nordeste
A saída da Petrobrás das regiões Norte e do Nordeste também provocará impactos econômicos pesados para os municípios e estados, aumentando o desemprego e a miséria.
“A gestão da Petrobrás, a mando da política entreguista de Bolsonaro e Paulo Guedes, entrega de bandeja um ativo de suma importância para o abastecimento da região Norte e também para seu desenvolvimento econômico e social”, afirma Marcus Ribeiro, diretor do Sindipetro Amazonas.
“A população de Manaus, do Amazonas e de cidades e estados abastecidos pela Reman vão estar nas mãos de um agente privado, que irá impor preços e sequer terá obrigação de oferecer produtos”, acrescenta o dirigente.
Com informações da FUP