Escrito por: RBA
Senador democrata avisa diplomata sobre ameaças do presidente à democracia: “você está indo para um país onde o retrocesso democrático é uma preocupação real”
Em sabatina no Senado dos Estados Unidos, a diplomata Elizabeth Bagley – indicada pelo presidente Joe Biden para ser a nova embaixadora no Brasil – afirmou que haverá dificuldades na eleição brasileira, mas acredita que o processo será bem sucedido. Segundo ela, “Bolsonaro tem dito muitas coisas, mas o Brasil tem sido uma democracia, tem instituições democráticas, Judiciário e Legislativo independentes, liberdade de expressão”, disse.
“Eu sei que não será um processo fácil, por todos os comentários dele (Bolsonaro), mas, a despeito disso, temos todas essas instituições e continuaremos expressando confiança e expectativa em uma eleição justa”, disse Bagley aos senadores, enfatizando que, por 30 anos, monitorou muitas eleições.
“Você está indo para um país onde o retrocesso democrático é uma preocupação real. Estamos preocupados com o atual líder do Brasil, que tem tentado minar a essência do processo eleitoral”, observou o senador democrata Bob Menendez, de Nova Jersey, presidente da Comissão de Relações Exteriores. “Apesar desses comentários (de Bolsonaro) – disse a futura embaixadora no Brasil –, há uma base institucional. O que continuaremos a fazer é mostrar nossa confiança e nossa expectativa de que eles (os brasileiros) terão eleições livres e justas.”
Enquanto isso, no Brasil, em meio à disparada inflacionária e dos preços dos combustíveis, aumento da pobreza e o país sem rumo, os atos de Bolsonaro no “comando” do país continuam passando ao largo de qualquer crise. Ele se mantém ocupado em provocar um atrito atrás do outro com o Judiciário.
O alvo do mandatário voltou a ser o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Depois de ver rejeitado seu pedido de investigação contra Moraes no próprio STF, Bolsonaro vai agora à Procuradoria-Geral da República contra o ministro, o qual, segundo ele, comete crime de abuso de autoridade. Um dos motivos, diz o chefe de governo, é a “injustificada investigação no inquérito das fake news, quer pelo seu exagerado prazo, quer pela ausência de fato ilícito”.
Bolsonaro foi arrolado nesta investigação depois de fazer uma live em 29 de julho de 2021 na qual plantava informações falsas sobre as urnas eletrônicas do sistema que rege cada eleição no país.
Apesar da obsessão bolsonarista em combater Alexandre de Moraes, o presidente do Supremo, Luiz Fux, saiu em defesa do colega e justificou o sigilo em torno dos inquéritos que investigam atos antidemocráticos e fake news, relatados por Moraes.
“Estamos em vigília permanente contra esses movimentos de milícias digitais que atacam o STF. No inquérito, havia notícias de atos preparatórios de terrorismo contra o Supremo, daí a necessidade de ser um processo sigiloso”, disse, nesta quarta-feira (18), na abertura do Programa de Combate à Desinformação do Supremo Tribunal Federal.