Escrito por: Rosely Rocha, especial para Portal CUT

Gás de cozinha e combustíveis aumentaram três vezes mais do que a inflação

Os preços da gasolina, diesel, etanol e gás de cozinha subiram, em média, três vezes mais do que a inflação, após dois anos do golpe de 2016. Para reverter essa situação, CUT e centrais realizam o Dia do Basta

Roberto Parizotti

Desde o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, eleita democraticamente com mais de 54 milhões de votos, em maio de 2016, o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) tem realizado constantes reajustes nos preços dos combustíveis e no gás de cozinha que impactam diretamente no bolso de todos os brasileiros e brasileiras.

Segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação de junho de 2016 a junho de 2018 chegou a 8%. No entanto, o gás de cozinha, nesse mesmo período, teve um reajuste de 25,9%; a gasolina comum subiu 24,4%; o etanol 20,9%; e o óleo diesel 14,2%.

Já os dados da Federação Única dos Petroleiros (FUP) mostram que, nos primeiros 90 dias após julho de 2017, quando a Petrobras mudou a política de preços e o governo golpista aumentou em 30% as alíquotas de PIS/Cofins, foram 58 reajustes nos valores dos combustíveis. O preço da gasolina subiu 50,04% e o diesel 52,15%, um aumento 25 vezes superior à inflação do período.

Além do impacto direto na economia e no custo de vida dos brasileiros, a atual política de reajuste de preços acima da inflação provocou um dano ainda maior: o aumento no número de pessoas queimadas ao utilizarem lenha ou álcool no lugar do gás de cozinha porque os preços ficaram inacessíveis à população mais pobre.

Foi o caso da desempregada Jéssica Maria da Costa, de 24 anos, em conversa com o Portal CUT em dezembro último. Jéssica, que mora com o marido desempregado e a filha de dois anos, no bairro Casa Amarela, na periferia do Recife, em Pernambuco, decidiu cozinhar macarrão para a família em duas latas de ervilha com álcool. Colocou a panela de água em cima e, em seguida, saiu para pegar um biscoito para a filha. Sem querer, bateu o pé em uma das latas e as chamas se espalharam pelo seu corpo.

Assim como a história de Jessica outros casos graves ocorreram em Recife. Segundo o médico Marcos Barreto, chefe do setor de queimados do Hospital da Restauração, em entrevista à imprensa local, cerca de 40 pacientes que chegaram com queimaduras de primeiro ou segundo grau nesse período usaram gás clandestino, álcool ou etanol. Essas ocorrências já registram 62% do total de queimados.

De acordo com uma pesquisa publicada pelo Datafolha, em dezembro passado, dois terços da população consideram que a alta do gás de cozinha compromete muito o orçamento familiar.

Essa situação tem preocupado o ex-presidente Lula, que, mesmo mantido como preso político há mais de 100 dias na sede da Polícia Federal em Curitiba, se manifestou em artigo publicado no último dia 19, no jornal Folha de S.Paulo, quando reafirmou a sua pré-candidatura à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Num dos trechos, Lula diz: “Estou preso há mais de cem dias. Lá fora o desemprego aumenta, mais pais e mães não têm como sustentar suas famílias, e uma política absurda de preço dos combustíveis causou uma greve de caminhoneiros que desabasteceu as cidades brasileiras.”

E continuou: “Aumenta o número de pessoas queimadas ao cozinhar com álcool devido ao preço alto do gás de cozinha para as famílias pobres. A pobreza cresce, e as perspectivas econômicas do país pioram a cada dia”.

Para Lula, o Brasil precisa restaurar novamente a democracia, se reencontrar consigo mesmo e ser feliz de novo. “Podem me prender. Podem tentar me calar. Mas eu não vou mudar esta minha fé nos brasileiros, na esperança de milhões em um futuro melhor. E eu tenho certeza de que esta fé em nós mesmos contra o complexo de vira-lata é a solução para a crise que vivemos.”

Dia do Basta – 10 de agosto

E para dar um basta aos desmandos do governo ilegítimo de Temer e aos aumentos abusivos dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, a CUT e demais centrais sindicais realizarão o Dia do Basta, em 10 de agosto, com paralisações, atrasos de turnos e atos nos locais de trabalho e nas praças públicas de grande circulação de todo o País.

Nesse dia, além de exigir o fim das políticas que têm colocado milhares de brasileiros na miséria, sem ter o que comer e sem esperanças porque não há empregos para mais de 27 milhões de trabalhadores e trabalhadoras subutilizados -, a CUT exigirá também um basta à parcialidade de parcela do Judiciário que persegue Lula e tenta impedir o candidato mais preparado para tirar o Brasil da crise de se eleger nas próximas eleições.  

Cada estado e cidade terão a sua programação local. Em São Paulo, o ato será na Avenida Paulista nº 1313, em frente à Fiesp, a partir das 10h da manhã.