Escrito por: Alessandra Campos, Sindipetro SP
Sindicalistas iam conversar com trabalhadores sobre preocupações relacionadas à segurança. ANP autorizou o reinício da operação da refinaria depois da explosão do tanque de águas ácidas no dia 20
A direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP) foi impedida, nesta quinta-feira (30), de se reunir com os trabalhadores da Refinaria de Paulínia (Replan). Os dirigentes iam conversar com os petroleiros da unidade sobre a criação do Grupo de Trabalho, uma das propostas apresentadas pelo Sindipetro para garantir segurança no reinício da operação da refinaria depois da explosão do tanque de águas ácidas, no último dia 20.
Na manhã desta quinta, a gerência da Replan proibiu o diretor Gustavo Marsaioli, coordenador da Regional Campinas, de entrar na empresa. O dirigente está há mais de quatro horas em frente à portaria.
O Unificado denuncia que desde que o reinicio da operação da Replan, liberada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) no final da tarde desta quarta-feira (29), a gerência da empresa interrompeu completamente o diálogo com a direção sindical. O sindicato está solicitando, oficialmente e em caráter imediato, uma reunião com a empresa para tratar das condições do processo de partida operacional das unidades.
Segundo os sindicalistas, a empresa está cumprindo com a maioria das propostas da pauta de segurança apresentadas pelo sindicato. Surgiram, entretanto, algumas outras preocupações, apontadas pelos trabalhadores, e o sindicato quer esclarecer esses pontos com a empresa. Uma das principais questões diz respeito ao número mínimo de trabalhadores na partida.
Para o Sindipetro Unificado-SP, “essa conduta autoritária e intransigente da gestão da Replan fere a democracia e viola o direito fundamental à liberdade sindical”.
Na conversa com os petroleiros, os sindicalistas iam debater o funcionamento do Grupo de Trabalho. A ideia é que o grupo seja formado por representantes do Unificado, da empresa e da base, com o objetivo de discutir temas relacionados à manutenção, segurança do processo de partida e procedimentos operacionais e deliberar ações para a operação segura da refinaria.
Inspeção
Nesta quarta-feira (29), técnicos da Agência Nacional do Petróleo (ANP) inspecionaram as unidades e o serviço de raqueteamento (isolamento das linhas de tubulações), executado nas áreas atingidas pela explosão e o incêndio, ocorridos na madrugada de segunda-feira (20) na Replan.
A inspeção avaliou as condições de segurança das instalações da refinaria, para garantir que a partida operacional seja feita com tranquilidade e sem risco de novos acidentes. O parecer da ANP determinou que a Replan já podia dar largada aos procedimentos de partida, deve ser emitido logo após a conclusão da vistoria.
Investigação
A comissão criada para investigar as causas da explosão e do incêndio na Replan ainda não tem um laudo conclusivo. “Qualquer informação sobre a origem do acidente, citada neste momento, é incipiente”, declara o diretor do Sindicato Marcelo Garlipp, que integra a comissão de apuração.
Segundo ele, não existe uma causa única para acidentes de grande proporção, como o ocorrido na Replan. “Geralmente, esse tipo de ocorrência é provocado por uma série de motivos, que ainda estamos apurando”, destacou.
A comissão segue entrevistando trabalhadores, analisando dados de processos, painéis e instrumentos, levantando hipóteses e realizando testes nos equipamentos para averiguar as possibilidades. O prazo para o término da investigação é de 30 dias.