Escrito por: Redação RBA

Gleisi e Vagner propõem campanha para explicar soberania à população

Movimento sindical realiza plenária para articular estratégias de enfrentamento à política devastadora de Bolsonaro contra o Estado

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A CUT e entidades sindicais ligadas à central realizaram nesta quinta-feira (5) uma plenária para articular estratégias de lutas para barrar as privatizações do governo de Jair Bolsonaro (PSL). O evento foi sediado pelo Sindicato dos Bancários de Brasília. A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, defenderam uma maciça campanha de esclarecimento, para que a população compreenda o significado da soberania nacional e das próprias privatizações, na vida das pessoas.

Comentaram também o papel da Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Soberania Nacional, lançada ontem na capital do país.  A plenária definiu o dia 20 de setembro como o Dia Nacional de Mobilização e Protesto do Setor Público.

“A situação do Brasil é muito difícil, mas é uma oportunidade para nossa luta. As pessoas não conseguem resolver seus problemas, e estão mais abertas aos argumentos. Tinha um momento em que não ouviam e não queriam ouvir. Acho que hoje começa a mudar essa situação”, disse Gleisi. “A gente precisa esclarecer as pessoas sobre o que está acontecendo. É um terreno que está começando a ficar fértil para a semeadura e precisamos aproveitar isso.”

Segundo ela, é urgente uma campanha específica sobre cada área que é alvo da política bolsonarista: Petrobras, Eletrobrás, Amazônia, Correios, educação e outras. “Se não tiver mobilização e conscientização, esqueçam, porque o Congresso Nacional não fará nada por si.”

Para a deputada, o legislativo brasileiro “só funciona com grande pressão”. “Não dá para esperar que as respostas sejam institucionais. Do Judiciário, muito menos. A decisão sobre a Petrobras é indecente”, afirmou, sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal que autorizou a venda de subsidiárias ou controladas das estatais sem autorização do Congresso.

Vagner Freitas defendeu que a frente lançada em Brasília em defesa das estatais e da soberania nacional tem o papel de “dissecar” o significado das privatizações e da soberania no cotidiano dos cidadãos. “Você fala em soberania nacional e o trabalhador não tem plena compreensão do que seja isso. O Bolsonaro está falando em soberania, e é o governo mais entreguista na existência da República brasileira.”

Segundo ele, é preciso mostrar às pessoas como as políticas do governo se relacionam com a qualidade de vida das pessoas. Por exemplo, explicando que o preço do botijão de gás tem a ver com a privatização do setor de petróleo e gás. “Tem que conversar com o povo sobre a diferença entre o pré-sal servir para investir em educação ou saúde e o Brasil trocar a educação pelo adestramento, para ser jogado no fosso como colônia”, ele ressalta.

“Soberania é gerar emprego no Brasil, não para os países desenvolvidos, por isso a Petrobras, o Banco do Brasil, os Correios, a Caixa, a Eletrobras têm que estar sob controle do Estado”, explicou o presidente da CUT. “Soberania significa o Brasil produzir navios e plataformas de petróleo, para dar emprego ao brasileiro. Termos um sistema financeiro voltado ao crescimento da economia brasileira, ter crédito para o desenvolvimento.”

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Para ele, “não adianta discussão ideologizada”, porque as pessoas não entendem. “Explicar que se não tivesse estatal e Estado, o Luz para Todos não acontecia”, acrescentou Gleisi. “Privatizar o sistema elétrico é privatizar os rios brasileiros! Isso é uma loucura.”

Na opinião da deputada, a frente lançada ontem é importante pela diversidade de representação política, com movimentos sindicais e sociais, forças progressistas, populares, presença da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e outras entidades. “Faltou a OAB, que temos que puxar. Temos que fazer alguma coisa porque senão, depois, vai ser tarde demais.”

Forças Armadas, Paulo Guedes

Freitas mencionou a fala de Gleisi sobre as Forças Armadas no lançamento da frente. A deputada disse que elas existem “para defender o Brasil e sua soberania”. É preciso saber, defendeu Vagner, se as Forças Armadas “vão estar num projeto de serem acessório das forças americanas ou se vão ter o papel histórico de proteção do Brasil para os brasileiros”.

Para Gleisi, as reformas trabalhista e da Previdência, junto com a Emenda 95 (que instituiu o teto de gastos), provocam uma situação cada vez mais difícil. “As pessoas estão sem crédito e endividadas, o emprego gerado é precário, os maiores empregadores hoje são as plataformas de serviço, Uber, iFood, 99.”

A parlamentar disse que o Brasil só não está em situação ainda mais dramática e “não seguimos o caminho da Argentina de buscar o FMI” porque o país tem reservas internacionais de US$ 380 bilhões, deixada pelos governos petistas. “Mas agora eles estão queimando as reservas para proteger a política cambial.”

Gleisi também criticou o ministro da Economia. “Esse (Paulo) Guedes era dos fundos abutres, aquilo que há de pior em termos de condução de política econômica. Não estamos nem falando  de uma média do sistema financeiro, mas de um cara que era do porão do sistema, e é esse cara que conduz essa política econômica devastadora.”