Gleisi vê entrevista de Villas Bôas como 'preocupante'
Comandante do Exército disse que Lula ser candidato sub judice é "o pior cenário", dificultando "a estabilidade e a governabilidade". Para deputado, trata-se de "uma intervenção militar na política"
Publicado: 10 Setembro, 2018 - 09h03 | Última modificação: 10 Setembro, 2018 - 09h07
Escrito por: Redação RBA
São Paulo - Parlamentares do PT e a própria legenda, por meio de nota oficial de sua Executiva, se manifestaram a respeito da entrevista concedida pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, ao jornal O Estado de S. Paulo deste domingo (9). Em referência à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, o militar disse que "o pior cenário é termos alguém sub judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira".
Villas Bôas se manifestou ainda sobre a determinação do Comitê de Direitos Humanos da ONU de que fossem assegurados a Lula seus direitos políticos, incluindo a efetivação do registro da sua candidatura. “É uma tentativa de invasão da soberania nacional. Depende de nós permitir que ela se confirme ou não. Isso é algo que nos preocupa, porque pode comprometer nossa estabilidade, as condições de governabilidade e de legitimidade do próximo governo.”
"Preocupante a entrevista do general Villas Bôas hoje no Estado de S.Paulo. Quando o poder de armas se manifesta sobre poder da política e da Justiça, fugindo às suas funções constitucionais, o resultado nunca é positivo", disse a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), por meio de seu perfil oficial no Twitter.
A legenda divulgou nota assinada pela sua Comissão Executiva Nacional na qual diz que a entrevista é "o mais grave episódio de insubordinação de um comandante das Forças Armadas ao papel que lhes foi delimitado, pela vontade soberana do povo, na Constituição Democrática de 1988".
O texto afirma ainda que "é muito grave que um comandante com alta responsabilidade se arrogue a interferir diretamente no processo eleitoral, algo que as Forças Armadas não faziam desde os sombrios tempos da ditadura".
O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) também se manifestou sobre o episódio pelo Twitter. "As declarações do General Vilas Boas são inaceitáveis porque ilegais. Em qualquer país em que vigore uma Constituição, o general seria exonerado. Trata-se, na prática, de uma intervenção militar na política. Querem tutelar as eleições e garantir a vitória do candidato nazifascista."