Escrito por: Redação CUT
Montadora tem conivência do sindicato da categoria, que, de acordo com os trabalhadores da unidade, atua em defesa dos interessas dos patrões e não dos funcionários
Após a denúncia de que os metalúrgicos da fábrica da General Motors (GM) em Silao, no México, estão sofrendo perseguições no processo de votação do novo Contrato Coletivo de Trabalho (CCT), o governo dos Estados Unidos entrou com uma reclamação trabalhista contra o México. A base da reclamação é o acordo comercial que prevê, entre outros pontos, que os países devem cumprir leis trabalhistas. A liberdade de escolha da representação sindical é uma delas.
Além das ameaças aos trabalhadores, o caso envolve denúncias de fraudes como sumiço de cédulas, e desparecimento de urnas.
Segundo a Associated Press, a representante de Comércio dos Estados Unidos, Katherine Kai, afirmou a ação mostra o compromisso dos Estados Unidos com os trabalhadores e uma política comercial centrada no trabalhador.
Afirmou ainda que usar o acordo (que envolve EUA, México e Canadá e é conhecido como USMCA) “para ajudar a proteger a liberdade de associação e os direitos de negociação coletiva no México ajuda os trabalhadores em casa e no México, impedindo uma corrida ao fundo do poço”.
Entre as consequências da reclamação estão sanções econômicas que incluem a proibição de produtos mexicanos entraram nos Estados Unidos. A GM mexicana produz vários modelos que são comercializados no EUA.
O Ministério do Trabalho mexicano também agiu, suspendendo o processo de votação do acordo até que sejam apuradas as denúncias.
Em nota, o ministério afirmou ter constatado “graves irregularidades” na votação dos trabalhadores, realizada nos dias 20 e 21 de abril, incluindo a destruição de algumas cédulas e a recusa do sindicato em entregar a documentação da contagem de votos aos fiscais do trabalho.
Não é a primeira vez que esse tipo de situação ocorre na unidade da GM naquele país. De acordo com o grupo Generando Movimento, que faz oposição ao sindicato da categoria, em outras situações, aqueles que deveriam representar e defender os trabalhadores obrigaram os operários a aceitarem as condições impostas pela empresa.
O grupo lembra que há anos a GM é denunciada por perseguir e ameaçar demitir trabalhadores contrários à política de ataque aos direitos, não só em Silão mas em todas as unidades da montadora ao redor do planeta.
Em 2019, por exemplo, argumentando uma reestruturação global, A GM demitiu centenas de trabalhadores e ameaçou fechar unidades caso os funcionários não abrissem mão de direitos.
Entidades de outros países declararam apoio aos trabalhadores da unidade da GM em Silão. A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT), em conjunto coma IndustriALL Brasil e outras centrais sindicais brasileiras assinaram um documento se posicionando contra o assédio e pressão sobre trabalhadores.
Leia a nota:
As organizações sindicais representativas dos trabalhadores metalúrgicos brasileiros e da indústria vem manifestar seu apoio e solidariedade aos trabalhadores da GM de Silao México na sua luta por direitos e democracia sindical.
“Diante das graves denúncias que a empresa vem sofrendo de violações de direitos trabalhistas e fraude no processo de votação do novo contrato coletivo de trabalho (CCT), que motivou a suspensão do resultado e inclusive uma investigação do Ministério do Trabalho mexicano, viemos exigir da GM que deixe de realizar assédio e pressão sobre os trabalhadores e respeitem o direito que eles têm de decidir sobre o seu acordo.
Vemos esta prática em diversos países em que a empresa atua e inclusive aqui no Brasil e que precisa ser coibida.
Manifestamos nossa solidariedade aos trabalhadores em luta por condições de trabalho e salariais dignas e para pôr fim a exploração desenfreada da empresa. Nós somamos a todas as manifestações internacionais que reivindicam a livre organização dos funcionários da GM para decidir sobre seu acordo coletivo sem pressão nem coerção. Solidariedade internacional sempre!
São Paulo, 17 de maio 2021.
INDUSTRIALL BRASIL
CNM CUT
CSP-CONLUTAS
INTERSINDICAL INSTRUMENTO DE LUTA
FITMETAL CTB”