Golpes no Brasil e no Paraguai são parte da mesma estratégia
Denuncia Lisboa, que defendeu a imediata libertação dos presos políticos de Curuguaty
Publicado: 11 Agosto, 2016 - 11h53 | Última modificação: 11 Agosto, 2016 - 13h21
Escrito por: CUT
Jornalista Leonardo Severo, senadores Hugo Richer e López Perito, Antonio Lisboa (CUT) e Bernardo Rojas (CUT-A) com a camiseta em solidariedade aos presos políticos e o livro Curuguaty, carnificina para um golpeA Central Única dos Trabalhadores marcou presença novamente em Assunção, nesta terça e quarta-feira (9 e 10), ampliando a solidariedade aos presos políticos de Curuguaty e denunciando, nas palavras do secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, “o golpe armado pelo establishment estadunidense contra a democracia no Paraguai e no Brasil”.
Na sede da Central Unitária dos Trabalhadores Autêntica (CUT-A) do Paraguai, Lisboa participou do Seminário “Os golpes parlamentares na região e suas incidências para os trabalhadores”. O dirigente cutista esclareceu que “tais golpes, que se dão por dentro de organizações pretensamente democráticas, são parte de uma mesma estratégia de dominação das transnacionais para dominar nossas riquezas estratégicas, como a energia e a água, e impor a agenda das elites locais contra os interesses dos nossos povos e, especialmente, dos trabalhadores”.
Em frente ao Palácio de Justiça, onde lançou a campanha “Solidariedade, a mais bela das palavras: Liberdade para os presos políticos de Curuguaty”, o dirigente cutista ressaltou o compromisso da Central com a luta pela verdade e a justiça. O lançamento do livro Curuguaty, carnificina para um golpe, do jornalista e assessor da CUT Nacional, Leonardo Wexell Severo, frisou, “contribui para dar voz em nosso país à luta pela anulação deste processo profundamente injusto que criminalizou os camponeses, as principais vítimas deste massacre”.
O presidente da CUT-A, Bernardo Rojas, agradeceu a parceria da CUT-Brasil na realização do Seminário e na campanha pela libertação dos presos políticos de Curuguaty, lembrando que o trágico acontecimento ocorrido no dia 15 de junho de 2012 foi o que permitiu a deposição do presidente Lugo apenas uma semana depois. “Estamos aqui para sublinhar que nesta partida não tem empate: ou se está ao lado do trabalhador ou do explorador, ou dos golpistas ou da democracia. Nossa luta é para tirar este governo de narcotraficantes, que multiplica os crimes e assassinatos para manter os privilégios das multinacionais sojeiras, dos reis do gado e do desmatamento”, frisou Bernardo.
Em sua saudação às lideranças que lotaram a sede da CUT-A, o novo prefeito de Assunção, Mário Ferreiro, somou sua voz a dos trabalhadores, se comprometendo “a não privatizar nem concessionar propriedades nem serviços públicos e ser fiel aos direitos e à negociação coletiva dos servidores”. Para Ferreiro, “com o afastamento do presidente Lugo, o Paraguai se converteu em um laboratório contra a democracia na região, em um retrocesso que nos envolveu a todos, coma a terrível Operação Condor”.
Debate sobre Curuguaty em frente ao Palácio da INjustiçaParticipando como debatedores, os senadores Hugo Richer e Miguel Ángel López Perito, que participaram ativamente do governo Lugo, reiteraram a importância do protagonismo da classe trabalhadora, bem como da ação unitária dos movimentos sociais da região a fim de efetivar e aprofundar um processo de mudanças.
O que vemos hoje com o governo Cartes, denunciou López Perito, “é o crescimento exacerbado do crime organizado, onde um Banco Central independente e um sistema financeiro de costas aos interesses nacionais multiplicam a lucratividade dos especuladores enquanto penalizam o setor produtivo”.
“Os banqueiros e financistas se vinculam à máfia da lavagem de dinheiro, este é o poder real do Paraguai que sempre acumulou dinheiro por fora do marco legal e institucional”, enfatizou o senador Hugo Richer, acrescentando que quanto mais avança o capitalismo dependente nos nossos países, mais se reduz o espaço para a democracia. Richer também denunciou a “criminalização e a judicialização da política”, que servem como instrumento de coerção e coação contra os direitos dos povos, “que necessitam de um sindicalismo atuante, mobilizativo e aglutinador”.
Em nome do movimento pela libertação dos presos de Curuguaty, Guillermina Kanonnikoff e Margarita Durán Estrago agradeceram a doação de uma nova leva de livros para a campanha pela libertação, frisando que a ação faz jus à campanha “Solidariedade, a mais bela das palavras”.