Escrito por: Redação RBA

Governador da Bahia anuncia adiamento das aulas 100% presenciais

Retomada deveria ocorrer em outubro, mas foi cancelada diante da alta nos casos de covid-19. Professores elogiam decisão

TV Brasil/Reprodução

Os planos do governo da Bahia para a retomada das aulas 100% presenciais no estado foram adiados. A retomada, prevista para o mês de outubro, foi cancelada diante do aumento no número de casos de covid-19. A Secretária de Educação do Estado informou que não há uma data para a transição do ensino híbrido ao presencial. “Os números vinham caindo. Caíram até dois mil casos diários. Eu já tinha acionado a Secretaria da Educação para iniciar, em outubro, as aulas 100% presenciais. Mas infelizmente, para nossa surpresa e tristeza, os números subiram bastante”,  lamentou o governador Rui Costa (PT) em entrevista à Rede Bahia. “Em 10 dias, subiram de 2 mil para 2.700 casos ativos, o que fez com que a gente desse um freio nesse processo de liberação e vamos aguardar o que vai acontecer nos próximos dias.”

Segundo Costa, o cenário epidemiológico do estado está sendo acompanhado a fim de encontrar o melhor momento para a retomada das aulas presenciais. “O número de ontem já sinalizou uma queda e se na próxima semana, os números voltarem ao que estava antes [2000], e em queda, aí sim, a gente volta a planejar o retorno das aulas 100% presenciais e outras atividades, que também deverá incluir o retorno do público aos estádios de futebol.”

Decisão acertada

Para o coordenador-geral da Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB Sindicato), Rui Oliveira, a decisão do governador foi “acertada”. Oliveira afirmou, à reportagem do jornal A Tarde que o estado não oferece condições para o retorno das aulas 100% presenciais. “O governo fez uma avaliação científica e tomou uma decisão acertada. É inadmissível colocar 100% dos alunos dentro de uma sala de aula em um estado onde a covid não acabou, com índice de contaminação grande e com tendência de subir, com aglomeração nas ruas, nas praias, ônibus lotados”, comparou. “Nada mais natural do que ter bom senso e esperamos que o bom senso se mantenha.”

O coordenador do Laboratório de Virologia do Instituto de Ciência da Saúde da Universidade Federal da Bahia, Gúbio Soares Campos, alerta ser necessário um maior número de pessoas vacinadas no estado para se pensar em um retorno 100% presencial.  “Ainda falta vacinar bastante pessoas, adolescentes, grande parte da população não tomou ainda a segunda dose, então os riscos continuam. A variante Delta está circulando no estado da Bahia, em Salvador, identificamos casos e informamos à Secretaria Municipal de Saúde de Salvador”, destaca o pesquisador.

Mais vacinados

Gúbio avalia que as aulas 100% presenciais devem ser retomadas somente em 2022. “Se eu fosse o governo, deixaria para retornar [as aulas 100% presenciais] no ano que vem, com o maior número de pessoas vacinadas, algo em torno de 80% a 90% da população imunizada, principalmente os adolescentes, pessoas da terceira idade ter tomado a terceira dose. Precisamos de um maior número de pessoas vacinadas”, disse à reportagem. 

Já o médico infectologista do Hospital Aliança, Adriano Silva de Oliveira, lembra que o retorno das aulas presenciais com segurança foi apregoado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O médico afirma que o estado da Bahia, no entanto, preferiu dar prioridade à abertura de outros setores, como o comércio. “Infelizmente no Brasil prioriza-se a abertura de restaurantes, de estádios, de equipamentos de diversão e nós ficamos aí mais de um ano sem aulas presenciais”, lamentou ao jornal A Tarde.

“É uma inversão de prioridades, um absurdo. Eu, como infectologista, vou pensar: o aumento da presença do vírus na comunidade leva, sim, ao desejo de preservação de vidas e fechamento de equipamentos, seja eles quais forem. Mas eu fico me perguntando, por que a escola é tão demonizada assim? [A escola é] Um ambiente muito mais controlado do que qualquer restaurante, do que qualquer bar lotado que a gente vê por aí fora. Eu deixo esse questionamento no ar.”