Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT
Ricardo Coutinho denunciou o avanço do fascismo no Brasil e disse que a imagem do país está sofrendo um abalo muito grande perante as outras nações devido à perseguição do Judiciário a Lula
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), em coletiva à imprensa na manhã desta sexta-feira (6), repudiou o pedido de prisão do ex-presidente Lula, decretado nesta quinta-feira (5) no final do dia pelo juiz de primeira instância Sergio Moro, que determinou que Lula se entregue até às 17h de hoje na Polícia Federal em Curitiba.
Coutinho prestou solidariedade a Lula e registrou sua total discordância com a forma como alguns setores estão usando os instrumentos que têm para poder definir o futuro do Brasil.
“Esse momento é muito grave! O presidente Lula está sendo condenado e preso pela propriedade de algo que não lhe pertence, que ele não pode vender, nem pode doar e muito pelo contrário, a justiça inclusive determinou que este imóvel [triplex do Guarujá] fosse penhorado para um credor da empresa OAS. Ou seja, a justiça que condena é a mesma que afirma que esse imóvel pertence à empreiteira”, esclareceu o governador à sociedade paraibana.
Ele denunciou que hoje pela manhã uma militante do MST foi atingida por um tiro enquanto protestava pela liberdade de Lula, às margens da BR-101 na Paraíba. Para ele, hoje o país atravessa um momento muito delicado e isso se expressa na forma de uma intolerância extremada.
“A partir do extremismo que está se estimulando no país, alguém se acha no direito de usar arma de fogo contra quem pensa diferente. Quantos tiros mais terão? Tudo isso é para se definir uma eleição sem que a maior liderança do nosso país possa participar? É isso que estamos construindo para o Brasil?”, alertou.
Coutinho foi um dos primeiros governadores a se colocar contrário à traição de Michel Temer (MDB) à presidenta eleita Dilma Rousseff (PT), na época do golpe jurídico, parlamentar e midiático que levou à destituição de Dilma.
Ddurante o evento que confirmou sua permanência no cargo de governador até o final do mandato, ele disse que não poderia deixar de se manifestar sobre o momento delicado em que o próprio judiciário brasileiro colocou o Brasil. Para ele, é preciso urgentemente resgatar a credibilidade do país enquanto nação.
“Não podemos permitir que generais se achem no direito de, novamente, opinar se alguém deve ou não ser condenado. Quem tem de dizer isso é a justiça! O que está em jogo é o Estado de direito e é preciso compreender que quando uma porta é aberta, é difícil de fechá-la e as coisas que hoje se sucedem estão criando um ambiente tipicamente proto-fascista dentro do Brasil”, finalizou.