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Governador de SP nomeia irmão de Michelle Bolsonaro com salário de R$ 21 mil

Nomeado por Tarcísio de Freitas, irmão de Michelle Bolsonaro ganhou R$ 368 mil em cargos durante governo Bolsonaro. Diego Torres Dourado trabalhou no Ministério da Defesa e como assessor no Senado

Publicado: 12 Janeiro, 2023 - 14h23 | Última modificação: 12 Janeiro, 2023 - 15h03

Escrito por: Brasil de Fato | Editado por: Rosely Rocha

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Michelle Bolsonaro com o irmão Diego Torres Dourado

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nomeou na última quinta-feira (11) o cunhado da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, o ex-soldado da Força Aérea Brasileira (FAB) Diego Torres Dourado, para o cargo de assessor especial do governo de São Paulo, com salário previsto de R$ 21,5 mil.

Desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiu a presidência, em janeiro de 2019, Dourado tem pulado de cargos públicos, sempre no círculo da família ou aliados políticos do cunhado. Neste período, recebeu R$ 368 mil em salários.

Entre 6 de junho de 2019 e 29 de março de 2021, Dourado trabalhou como assessor técnico da Chefia de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, onde recebia um salário de R$ 5,6 mil. Ao final do período, seus vencimentos somaram R$ 125 mil. O caso foi revelado pelo Brasil de Fato, em 16 de janeiro de 2021.

A Chefia de Operações Conjuntas é responsável, segundo o site do Ministério da Defesa, pelo "emprego conjunto das Forças Armadas em operações reais, de paz, de ajuda e desminagem humanitárias, de defesa civil e em atividades subsidiárias", além da "criação, planejamento e coordenação das atividades relacionadas aos destacamentos de segurança de representações diplomáticas brasileiras no exterior, quando compostos, exclusivamente, por militares das Forças Armadas brasileiras."

Em 29 de março de 2021, o irmão de Michelle Bolsonaro já foi nomeado assistente parlamentar intermediário da primeira secretaria da Mesa Diretora do Senado Federal, chefiada pelo senador Irajá Abreu (PSD-TO), aliado de Jair Bolsonaro, com o salário de R$ 13,5 mil.

De acordo com o regimento do Senado, a função ocupada por Dourado realiza "atividades relacionadas ao desenvolvimento das atribuições do órgão a que estiver vinculado, sob orientação do titular da unidade, incluindo a análise de dados e processos, redação de minutas e conferência de informações a serem submetidas à autoridade superior".

Diego Torres Dourado foi exonerado no dia 4 de outubro de 2022, após 18 meses de sua nomeação. Ao todo, recebeu R$ 243 mil durante o período em que ocupou o cargo de assistente do senador Irajá Abreu.

Nomeação do cunhado do governador é cancelada

Tarcísio de Freitas havia nomeado o militar Mauricio Pozzobon Martins para o cargo de "assessor especial do governador 2", cujo salário bruto previsto é de R$ 21.017,85 ao mês. Ele foi escalado no lugar de Wilson Pedroso, tucano que foi braço direito dos ex-governadores João Doria (PSDB) e de Rodrigo Garcia (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes. A nomeação foi cancelada nesta quinta-feira (12), 24 horas de ter sido publicada no Diário Oficial do Estado. Martins é casado com a irmã da esposa de Tarcísio.

O militar é o mesmo que alugou um apartamento em São José dos Campos, para o atual governador, na época das eleições de 2022. Tarcísio que é carioca e morava em Brasília, como ex-ministro de Bolsonaro, utilizou o endereço na cidade para "comprovar" junto à Justiça Eleitoral, domicílio no estado que o elegeu. Na época chamou a atenção do valor do aluguel ser muito abaixo do mercado imobiliário da cidade.

No currículo de Martins consta a atuação na campanha do governador e num órgão submetido ao então ministro de Infraestrutura.  

Em 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a indicação de parentes até o terceiro grau para cargos públicos. A determinação foi publicada em uma série de decisões que resultaram na Súmula Vinculante nº 13.

 Edição / BDF :  Nicolau Soares