Escrito por: RBA
Em comparação com cinco primeiros meses de 2020, salto da devastação foi de quase 100%. Durante os governos petistas, o recorde foi em 2016, ano do golpe contra Dilma: 474 quilômetros quadrados
Nos cinco primeiros meses de 2022, a Amazônia perdeu o equivalente a 2 mil campos de futebol por dia de mata nativa – , foram 3.360 quilômetros quadrados, em comparação a 3.088 do ano anterior. Trata-se da maior devastação da série histórica calculada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A entidade utiliza dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que monitora a Amazônia Legal desde 2008.
O desmatamento nos primeiros meses do ano foi maior do que o registrado em 2021, que já havia representado um salto em relação a 2020. Naquele ano, também segundo o levantamento do Imazon, o indicador foi de 1.740. Ou seja, em dois anos, com a aceleração promovida pelo governo Bolsonaro, o salto da devastação foi de quase 100%. Para efeito de comparação, durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, o recorde foi de 474 quilômetros quadrados em 2016, ano do golpe.
De acordo com o Imazon, o cenário é alarmante, visto que os próximos meses tendem a registrar índices ainda piores. “Maio foi apenas o primeiro mês do período de seca na região, quando as ocorrências de desmatamento costumam se intensificar. Ainda temos mais todo o chamado ‘verão amazônico’ pela frente, que encerra entre setembro e outubro. Além disso, 2022 é um ano eleitoral, outro contexto que está relacionado com o aumento da devastação, pois as fiscalizações tendem a diminuir”, explica o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr.
Justiça por Bruno e Dom
Dos nove estados que compõem a chamada Amazônia Legal, o que mais vem sendo atacado pela devastação promovida pelo atual governo é o Amazonas. “O monitoramento do Imazon detectou 553 quilômetros quadrados de floresta destruídos em solo amazonense, 38% do registrado em toda a região. Isso representou um aumento de 109% em relação ao desmatamento identificado no Amazonas em maio do ano passado (264 km²)”, informa a entidade.
O estado foi justamente palco do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, defensores da floresta.
“O Imazon se soma a todas as pessoas e instituições que manifestam solidariedade às famílias de Dom e Bruno neste momento de extrema tristeza e indignação. Eles foram grandes companheiros na defesa da Amazônia e dos direitos humanos, que serão sempre lembrados com respeito e admiração. Por isso, o Imazon também se une ao movimento que exige justiça por Dom e Bruno. Esse crime precisa ser investigado com empenho e imparcialidade para que todas as pessoas envolvidas sejam identificadas e devidamente punidas. A impunidade não pode prevalecer na Amazônia” afirma.