Escrito por: Redação RBA
Dinheiro foi destinado a programa liderado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que repassou sem edital recursos para instituições evangélicas ligadas à ministra Damares Alves
O governo de Jair Bolsonaro desviou a finalidade de R$ 7,5 milhões doados para a compra de testes rápidos da covid-19 e repassou a verba ao programa ‘Pátria Voluntária’, liderado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O frigorífico Marfrig, um dos maiores do país, anunciou em 23 de março que doaria esse valor ao Ministério da Saúde para a compra de 100 mil testes rápidos do novo coronavírus. O Brasil já se encontrava em pandemia e não tinha esse material para seguir a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de testar em massa a população.
Mas os recursos não foram aplicados para essa finalidade e foram desviados para o Arrecadação Solidária, vinculado ao Pátria Voluntária administrado por Michelle Bolsonaro. É o que informa nesta quinta-feira (1°) a jornalista Constança Rezende na Folha de S.Paulo.
Esse mesmo programa liderado por Michelle Bolsonaro repassou, sem edital de concorrência, dinheiro público a instituições evangélicas ligadas à ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos).
A doação da Marfrig foi feita num momento em que o Ministério da Saúde, que tinha como titular Luiz Henrique Mandetta, anunciava que o governo tentaria firmar parcerias com a iniciativa privada para financiamento de parte das compras dos kits.
Mas, no caso da Marfrig, a empresa foi orientada pela Casa Civil da Presidência da República a depositar a doação de R$ 7,5 milhões de reais numa conta da Fundação do Banco do Brasil, gestora dos recursos do programa Pátria Voluntária.
Posteriormente, a empresa foi consultada pelo governo Bolsonaro sobre a possibilidade de destinar a verba doada não para a compra de testes por parte do Ministério da Saúde, mas para outras ações de combate aos efeitos socioeconômicos da pandemia de covid-19.
Os R$ 7,5 milhões da Marfrig representam quase 70% da arrecadação do programa até agora, que tem R$ 10, 9 milhões.
No dia 1° de julho, segundo ela, o destino do dinheiro transferido ao governo mudou. A empresa diz ter sido então consultada “sobre a possibilidade de destinar a verba doada não para a compra de testes por parte do Ministério da Saúde, mas para outras ações de combate aos efeitos socioeconômicos da pandemia de Covid-19, especificamente o auxílio a pequenos negócios de pessoas em situação de vulnerabilidade”.
“Como a ação estava diretamente ligada à mitigação dos danos causados pela pandemia, a Marfrig concordou com a nova destinação dos recursos doados”, disse a empresa.