Escrito por: Leonardo Severo
Criança de 8 anos entre a vida e a morte após ataque para defender transnacional
O governo do presidente da Guatemala, Otto Perez Molina, invadiu a comunidade indígena ixil de Sotzil Nebaj, que protestava contra a ocupação ilegal das suas terras pela transnacional do setor hidroelétrico Hidroxacbal Delta.
Além de patrulhas da Polícia Nacional, soldados do Exército com apoio de dois helicópteros lançaram, indiscriminadamente, bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes que haviam paralisado uma rodovia e também sobre as famílias da comunidade, muitas delas que tentavam se proteger dentro de suas próprias casas. Vítima do ataque, uma criança de oito anos foi hospitalizada e se encontra entre a vida e a morte.
"Manifestamos o nosso mais veemente repúdio à truculência do governo guatemalteco que, para defender os interesses do capital estrangeiro, não hesita em colocar em risco a vida de inocentes", condenou Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT Brasil).
Conforme as organizações dos movimentos sindical e social, que convocaram uma ampla mobilização contra a agressão, quatro pessoas foram capturadas e levadas a Nebaj para serem interrogadas. A violência indiscriminada, denunciam os manifestantes, “relembra os bombardeios e o genocídio ocorridos durante os anos 1980-1985”. Neste período, diferentes ditaduras militares com o apoio da CIA e participação de Otto Pérez Molina – o então coronel “Tito Arias” -, assassinaram, torturaram e desapareceram com dezenas de milhares de ativistas.
Ao mesmo tempo em que defendem suas terras, as comunidades indígenas levantam a bandeira da nacionalização do setor energético. Diante do valor abusivo das taxas de luz, 63% dos guatemaltecos ainda continuam tendo no consumo de lenha sua principal fonte de energia.