MENU

Governo da morte: Agronegócio e Bolsonaro querem liberar mais 4 mil agrotóxicos

Bolsonaro quer reforçar o projeto fascista que promove a mortandade como fez até agora com o desleixo vergonhoso com a Covid, afirma Airton Cano, presidente da Fetquim-CUT

Publicado: 16 Julho, 2021 - 12h33 | Última modificação: 16 Julho, 2021 - 12h48

Escrito por: Redação CUT

Reprodução
notice

Nos últimos três anos, o governo federal aprovou a toque de caixa sem estudos e pesquisas detalhadas um número recorde de agrotóxicos (1.222). Muitos desses “novos” produtos já foram proibidos em países da União Europeia há 20 anos, como mostrou reportagem da RBA. Mas o agronegócio quer mais. Segundo o informativo Jota, especializado em regulação e assuntos jurídicos, estão na fila cerca de 4.000 pedidos de aprovação de agrotóxicos.

Para agravar ainda mais a situação e colocar em risco a vida dos brasileiros, o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) cortou verbas para pesquisa das universidades e do Ministério de Ciência Tecnologia.

Para a assessoria de Saúde e Previdência da Federação dos Trabalhadores do Ramo Químicos da CUT do Estado de São Paulo (Fetquim-CUT), o corte de verbas foi mais um gol contra, negacionista, do governo que  não promove a ciência contribuindo com isso para a  piora das condições de saúde dso brasileiros que consomem produtos agrícolas com suspeita de serem cancerígenos.

“Nos governos democráticos, o órgão regulador da liberação de agrotóxicos era a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], preocupada com a saúde de todos, porém, a partir do governo Bolsonaro, o bode tomou conta da horta, com a análise técnica de liberação pelo Ministério da Agricultura em mãos do lobby (pressão econômica) do Agronegócio”, critica o prsidente da Fetquim/CUT, Airton Cano.

“Precisamos ter produtos químicos na agricultura que fortaleçam a sáude das pessoas e ajudem a combater a fome”, afirma o dirigente.

“Devemos fortalecer tecnologias na área química permanentemente para a vida”, acrescenta.

“Bolsonaro, ao apressar as liberações de produtos, inclusive importados, quer reforçar o projeto fascista que promove a mortandade como fez até agora com o desleixo vergonhoso com a Covid, se omitindo na compra de vacinas”, conclui Airton Cano.

O secretário de Saúde da Fetquim, e diretor dos Unificados de Campinas, André Henrique Alves, concorda com a análise de Cano e alerta sobre os planos malígnos do governo Bolsonaro. Segundo ele, “com esses novos pedidos de liberação de agrotóxicos, o governo pretende garantir a reformulação de velhos agrotóxicos já proibidos no mundo e empurrar guela abaixo para o consumidor esses venenos”.

“Teremos a continuidade de problemas como vivemos aqui em Campinas com o caso Shell/Basf, produtoras de agrotóxicos, que provocaram uma série de doenças na população depois de anos de exposição”, acrescenta o dirigente que cita doenças renais, diversos transtornos psicológicos, câncer no fígado e problemas gástritos entre outros.

De acordo com André Henrique Alves, os problemas de saúde não são restritos a quem produz, afetam também o povo que consome produtos onde se utilizam agrotóxicos. A luta contra os agrotóxicos é de toda a sociedade brasileira, defende. 

“Além de combater Bolsonaro e o regresso da ditadura militar, é preciso não permitir que esses produtos que são proibidos lá fora sejam liberados aqui. É importante que o Ministério da Saúde volte a atuar a fim de proibir produtos prejudiciais à saúde de todos,” conclui o dirigente lembrando que o dia 24 de julho é dia de ocupar as ruas em mais um ato pelo "Fora, Bolsonaro", como convocou o presidente da CUT, Sérgio Nobre.

Leia mais: Sergio Nobre convoca atos e diz: só com povo nas ruas Bolsonaro vai cair

Agrotóxicos paraquate e glifosato mataram centenas de brasileiros na última década

Em base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde, obtidos pelo Repórter Brasil em 2020, houve o registro de 45,7 mil atendimentos de intoxicação por agrotóxico entre 2010 e 2019. Desses casos, 29,4 mil tiveram confirmada a intoxicação em contato com agrotóxicos, sendo que 1,8 mil pessoas morreram.

Além disso, 14.296 pessoas tentaram se suicidar ingerindo agrotóxicos, notadamente o paraquate e o glifosato entre 2010-2019. O tal “remédio” das plantas por ser conhecido pelos efeitos mortais do sistema neurológico das pessoas, é utilizado segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) para o autoenvenenamento.

Em 2009, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para a precaução ao suicídio relacionado aos agrotóxicos e destacou a necessidade de retirar de mercado todos os produtos considerados altamente e extremamente tóxicos.

O glifosato é de longe o ingrediente ativo mais comercializado no país, segundo o Ibama – vende quatro vezes mais que o segundo colocado, o herbicida 2,4-D. Já o paraquate aparece em sexto lugar. Esses produtos são utilizados em culturas como soja, arroz e fumo, fundamentais para o PIB agrícola brasileiro. São tidos como vitais para o setor agropecuário, que costuma investir pesado no lobby contra a proibição desses produtos, destacando possíveis prejuízos econômicos.

O paraquate é proibido na União Européa desde 2017 e na China desde 2015. Ele é prodizido em países apenas da União Europeia e China para exportação e é desovado no Brasil.

Com apoio Fetquim-CUT