Governo desvia cloroquina para a Covid-19, e pacientes com malária correm riscos
Estoque do programa nacional de controle da malária pode acabar ainda este mês
Publicado: 29 Março, 2021 - 10h00 | Última modificação: 29 Março, 2021 - 10h54
Escrito por: Redação CUT
O governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) desviou cloroquina para o chamado ‘tratamento precoce’ contra a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e o estoque do programa nacional de controle da malária pode acabar ainda este mês.
Apesar de todos os estudos confirmarem que nem a cloroquina nem os outros medicamentos indicados por Bolsonaro têm eficácia contra o coronavírus, pior que isso, ao invés de prevenir ou tratar, pioram a saúde dos pacientes e contribuem até para aumentrar o número de mortos, o Ministério da Saúde desviou para o suposto combate à Covid-19 cerca de 2 milhões de um estoque de 3 milhões de comprimidos de cloroquina fabricados pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) para o combate à malária, de acordo com reportagem de Vinícius Sassine, publicada neste domingo (28) no jornal Folha de S Paulo
A reportagem cita documentos obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação que comprovam o desvio do medicamento e mostra que o ministério precisou fazer um aditivo ao contrato com a Fiocruz pedindo mais 750 mil comprimidos.
“Como é de conhecimento de Farmanguinhos, com o advento da pandemia pela Covid-19, esse medicamento passou a ser disponibilizado também para o tratamento dessa virose, o que elevou o seu consumo, especialmente no primeiro semestre. Com isso, o estoque atualmente disponível garante a cobertura do programa de malária apenas até meados de 2021”, diz documento do ministério obtido pela Folha.
O que é malária
A malária, segundo o blog do Dr Drauzio Varella, é uma doença prevalente nos países de clima tropical e subtropical. Também conhecida como sezão, paludismo, maleita, febre terçã e febre quartã, o vetor da doença é o anofelino (Anopheles), um mosquito parecido com o pernilongo que pica, principalmente, ao entardecer e à noite.
A Amazônia é a região do Brasil onde ocorrem 98% dos casos de malária do país.
Como é a transmissão
A transmissão da malária pode ocorrer pela picada do mosquito, por transfusão de sangue contaminado, através da placenta (congênita) para o feto e por meio de seringas infectadas.
Sintomas
- Febre alta;
- Calafrios intensos que se alternam com ondas de calor e sudorese abundante;
- Dor de cabeça e no corpo;
- Falta de apetite;
- Pele amarelada;
- Cansaço.
Dependendo do tipo de malária, esses sintomas se repetem a cada dois ou três dias.
Tratamento
Não existe vacina contra o paludismo, uma doença autolimitada, mas que pode levar à morte se não for tratada em determinados casos. O tratamento padronizado pelo Ministério da Saúde é feito por via oral e não deve ser interrompido para evitar o risco de recaídas.