As centrais sindicais entregaram em 15 fevereiro a reivindicação de 15,58% de reajuste, visando repor as perdas com a inflação em 2021 e 2019
Passadas as eleições e sem negociar com as centrais sindicais, o governo do Rio Grande do Sul enviou finalmente nesta quinta-feira (17) o projeto de reajuste do salário mínimo regional para a Assembleia Legislativa, que não repõe as perdas com a inflação dos últimos anos. A proposta estabelece reajuste zero em 2022, a exemplo de 2020, e apenas 7,7% com vigência somente em 1º de fevereiro de 2023.
As centrais sindicais entregaram em 15 fevereiro a reivindicação de 15,58% de reajuste, visando repor as perdas com a inflação em 2021 e 2019. A data-base do mínimo regional é 1º de fevereiro.
“É um projeto absurdo de novo calote, de desvalorização e de enfraquecimento do piso regional, que é pago para cerca de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchas”, critica o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
Para Amarildo, “é vergonhoso que o governador Ranolfo Vieira Jr. (PSDB), empossado no final de março após a renúncia do agora governador reeleito Eduardo Leite (PSDB), esperou o final do processo eleitoral para encaminhar uma proposta tão rebaixada e desrespeitosa para arrochar ainda mais os menores salários no Estado, além dos que não têm convenções ou acordos coletivos e os que trabalham na informalidade”.
“Esse reajuste está na contramão das necessidades do povo brasileiro, que quer a volta do aumento real do salário mínimo para melhorar o poder de compra dos trabalhadores e das trabalhadoras, combater as desigualdades e estimular o crescimento da economia, a distribuição da renda e o desenvolvimento”, observa o dirigente da CUT-RS.
RS paga o mais baixo piso regional no Sul do Brasil
Atualmente as cinco faixas salariais do piso regional variam de R$ 1.305,56 a R$ 1.654,50. Com o reajuste, os valores ficariam de R$ 1.406,09 a R$ 1.781,90.
“Com essa proposta do governo, o RS será o único estado do Sul do Brasil que não concedeu reajuste em 2022, além de continuar na lanterna, pagando o mais baixo piso regional”, aponta o secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel.
Segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Santa Catarina paga hoje R$ 1.416,00 e o Paraná, R$ 1.617,00. Nos dois estados vizinhos haverá novos reajustes em janeiro de 2023.
“O governo tucano, que também sucateou os salários dos servidores públicos, mostra que despreza as perdas com a inflação, que fez disparar os preços dos alimentos e aumentou as contas de luz, água, energia e demais despesas, piorando as condições de vida da classe trabalhadora”, enfatiza o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Mobilização na Assembleia Legislativa
Na próxima segunda-feira (21), às 14h, o fórum das centrais sindicais se reunirá na sede da Fecosul, no centro de Porto Alegre, para definir a mobilização na Assembleia. Como o projeto foi enviado em regime de urgência, deve ser votado no prazo de até 30 dias.
“Vamos procurar os deputados estaduais para construir uma emenda capaz de recuperar as perdas inflacionárias e impedir a extinção do piso salarial como querem poderosas federações empresariais”, antecipa o presidente da CUT-RS.
“Na campanha eleitoral, nenhum deputado e nenhuma deputada falaram em dar novo calote no piso salarial ao pedir votos do povo gaúcho”, lembra Amarildo.
