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Governo dribla lei eleitoral e Codevasf faz farra de doação de veículos

Estatal foi aparelhada por Bolsonaro que entregou a gestão para o centrão em troca de apoio no Congresso

Publicado: 14 Outubro, 2022 - 16h24 | Última modificação: 14 Outubro, 2022 - 16h35

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Divulgação
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Às vésperas do segundo turno da eleição, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), aparelhada presidente Jair Bolsonaro (PL), que entregou a gestão para o centrão, doou veículos e máquinas para políticos aliados distribuírem em seus redutos eleitorais.

A operação da Codevasf para eleger Bolsonaro driblou a legislação eleitoral que proíbe doações oficiais durante a campanha.

A manobra da gestão Bolsonaro, que foi tirar, pelo menos do papel, a gratuidade dos bens doados, zomba da justiça eleitoral. Eles simplesmente decidiram colocar no documento das doações que associações ou entidades beneficiadas devem pagar ou fazer algo em troca, como entregar polpa de frutas a instituições sociais ou 5 kg de carne a uma escola.

Aparelhada por Bolsonaro, Codevasf ‘vende’ carros ou tratores em troca de doações

A Codevasf está na mira da Polícia Federal por inúmeros casos de suspeita de corrupção. A empresa é presidida por Marcelo Moreira Pinto, indicado pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), mandas chuvas do centrão.

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PF vê sinais de corrupção na Codevasf, estatal que Bolsonaro entregou ao Centrão

O toma lá, dá cá agora está dentro da lei e vale tudo para tentar tirar votos do primeiro colocoado nas pesquisasm o ex-presidente Lula (PT).

Segundo reportagem da Folha de S Paulo, até três dias antes de a população ir às urnas, doações ainda estavam sendo realizadas. No fim de agosto, diz o texto, um terreno no campus da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) chamava a atenção porque estava lotado de máquinas e veículos que estavam ali à espera da distribuição para municípios e associações. Eram  31 caminhões, sete tratores e dois arados. Uma semana depois, eram 26 caminhões.

No sábado que antecedeu a eleição, dia 1º de outubro, havia apenas um caminhão em todo o pátio, diz a reportagem.

De acordo com o jornal, considerando todo o ano de 2022, a Codevasf fez mais de 60% das entregas no Rio Grande do Norte em um só mês, setembro, exatamente aquele que antecedeu o primeiro turno. O estado é a base de Rogério Marinho (PL), senador eleito no dia 2 de outubro e ex-ministro do Desenvolvimento Regional, pasta que manda na Codevasf.

A cidade de Mossoró, cujo prefeito é Alysson Bezerra (Solidariedade), aliado do senador eleito, foi uma das beneficiadas com doações da Codevasf no período, segundo lista fornecida pela estatal ao repórter da Folha.

“Entre as localidades beneficiadas também está Messias Targino, cuja prefeita é a bolsonarista Shirley Targino, que, em suas redes, foi ativa divulgadora das campanhas de Jair Bolsonaro e Rogério Marinho. Ela, inclusive, mostrou encontro com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A cidade recebeu um caminhão compactador avaliado em R$ 391 mil”, segue a reportagem.

Às portas do período eleitoral e na esteira da explosão de gastos com as chamadas emendas de relator, os valores com esse tipo de doação saltaram de R$ 178 milhões, em 2020, para R$ 487 milhões, em 2021, aumento de 173%, diz o repórter.

Só nos primeiros cinco meses de 2022, o montante chegou a R$ 100 milhões, segundo levantamento da Folha a partir de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Justiça cega

Na semana da eleição, a empresa doou e instalou cisternas em residências marcadas com adesivos de propaganda de um deputado federal aliado candidato à reeleição.