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Governo Lula enfrenta direção da Eletrobras para defender trabalhador e a empresa

Mesmo com voto contrário do governo federal, maior acionista da Eletrobras, a empresa privatizada retirou os trabalhadores do Conselho Administrativo. Entenda os prejuízos desta decisão

Publicado: 18 Abril, 2023 - 13h17 | Última modificação: 18 Abril, 2023 - 13h25

Escrito por: Rosely Rocha

Fernando Frazão / Agência Brasil
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Uma assembleia dos acionistas da Eletrobras realizada nessa segunda-feira (17) , decidiu retirar o representante dos trabalhadores do Conselho Administrativo da empresa, apesar do voto contrário do governo Lula que detém mais de 43% das ações ordinárias da empresa, somadas ao BNDES e ao BNDESPAR.

O resultado final de 69% dos votos a favor e 27% contrários, reflete a manobra na qual a Eletrobras foi privatizada, pois o governo mesmo tendo maioria das ações, só tem poder de voto de 10%, ficando alijado das decisões da direção, o que pode trazer imensos prejuízos não apenas ao seu quadro funcional, mas para toda a sociedade brasileira, visto que o setor energético é de segurança nacional.

Para o engenheiro eletricista do sistema Eletrobras, Ikaro Chaves, os acionistas afrontaram o governo federal, com olho apenas no lucro e não na perenidade e governança da empresa.

Ikaro explica que ter um representante dos trabalhadores no Conselho Administrativo é uma forma de defender a empresa até mesmo de corrupção.

“ O trabalhador pensa em fazer carreira, ficar muito tempo e para isso, ele precisa ter segurança que a empresa vai dar lucro e existir por anos e anos. O acionista quer o lucro imediato, e para ele tanto faz se a empresa vai durar 20, 30 anos. Não tenho nada contra em quem quer lucrar, mas tem gente que compra e vende ações no mesmo dia, especulando. Nem sempre o acionista está interessado em sua longevidade”, diz Ikaro.

O engenheiro explica ainda que a importância da presença do trabalhador no conselho vai além da democratização, de direito trabalhista; é uma medida salutar para a gestão, tanto que em países europeus as empresas são seculares.

“Na Alemanha, por exemplo, desde a década de 1920 os trabalhadores fazem parte do conselho das empresas. Aqui somente em 2010, no governo Lula 2, que foi instituída a lei que obriga um trabalhador no conselho das estatais; já as empresas privadas não têm essa obrigação”, conta.

A especulação desenfreada pelo retorno financeiro imediato coloca em risco a perenidade, sustentabilidade e governança das empresas com prejuízos para toda a sociedade
- Ikaro Chaves


No Brasil, acrescenta o engenheiro, as empresas não seguem o que existe no mundo hoje, da cultura de sustentabilidade, o ESG [ Environment, Social and Governance}, que traduzindo do inglês significa sustentabilidade ambiental, social e governança.

“A participação do trabalhador no conselho é importante para a sua proteção, da própria empresa e da sociedade, como é o caso da Eletrobras, que por ser uma gigante da energia tem um papel fundamental na soberania nacional e no bem estar da população”, finaliza.

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