Governo nomeará empresários da Shell e Maersk no Conselho da Petrobras
Nesta quinta-feira (26), próximo à sede da Petrobrás, na Av. Rio Branco, no Rio de Janeiro, os petroleiros irão protestar contra as nomeações dos executivos das multinacionais e denunciar o desmonte da estatal
Publicado: 25 Abril, 2018 - 18h12
Escrito por: Tatiana Melim e Luciana Waclawovsky
A gestão de Pedro Parente no comando da Petrobras confirma o que a CUT e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) têm sinalizado desde o golpe de 2016, quando o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) usurpou o cargo da presidenta Dilma Rousseff: o objetivo de quem financiou e daqueles que assumiram os cargos de poder com o golpe de Estado é entregar o patrimônio público brasileiro e acabar com a soberania do país.
Nesta quinta-feira (26), o governo dará mais um passo neste sentido ao indicar e dar posse a dois representantes de empresas estrangeiras, concorrentes diretas da Petrobras, no Conselho de Administração da estatal.
“Estão sendo cotados para ocupar o cargo estratégico dois empresários da Shell [multinacional petrolífera anglo-holandesa] e um da Maersk [conglomerado de negócios dinamarquês]”, explica o coordenador da FUP, José Maria Rangel.
Com manifestação marcada para às 11h desta quinta-feira (26), próximo à sede da Petrobrás, na Av. Rio Branco (saída do metrô carioca), no Rio de Janeiro, os petroleiros, diz Rangel, irão protestar contra as nomeações e denunciarão as arbitrariedades que estão acontecendo dentro da empresa desde que o golpe de Estado foi consolidado no Brasil.
Segundo ele, está cada dia mais forte a efetivação da venda da estatal. “Na semana passada, a direção anunciou a venda de quatro refinarias e vários terminais e dutos, que são atividades essenciais, comprometendo até mesmo o abastecimento do país”.
“É a conta do golpe sendo paga à custa da soberania e do desenvolvimento nacional”, critica Rangel.
Para Roni Barbosa, petroleiro e secretário nacional de Comunicação da CUT, as nomeações que ocorrerão amanhã significam que as multinacionais, que hoje dominam boa parte do mercado de combustíveis do Brasil, passarão a traçar estratégias de dentro da própria Petrobras.
“Isso é inacreditável, uma clara demonstração de que o país está à venda. Eles vão lucrar ainda mais em cima do povo brasileiro e possivelmente teremos novos aumentos de combustíveis no país”, critica.
O petroleiro Vitor Carvalho, que também é diretor-executivo da CUT, além de criticar as recentes políticas privatistas de Pedro Parente à frente do comando da estatal, faz um resgate histórico para mostrar como está sendo operado o desmonte na Petrobras.
Segundo ele, em 2003, quando o ex-presidente Lula assumiu o governo, a Petrobras “estava indo para o buraco, com apenas 32 mil trabalhadores, e constantes ameaças de privatizações”.
“Depois que Lula assumiu, a Petrobras recebeu investimentos, foi tratada como empresa estratégica e passou a responder por 13% do PIB. E hoje, com Temer, a Petrobras só está pagando juros para banqueiros”, explica Vitor.
“O governo não investe nada em nosso país. É por isso, por exemplo, que os estaleiros estão fechando e estamos tendo de comprar navios em Cingapura e na Indonésia, gerando emprego e renda lá e não aqui”, denuncia o dirigente.
Greve
O coordenador da FUP, José Maria Rangel, explica que, além do ato de amanhã, entre os dias 30 de abril e 12 de maio, ocorrerão assembleias da categoria em todas as regiões do país para aprovar a greve do setor.
A partir da próxima segunda-feira, segundo ele, todos os sindicatos do ramo iniciarão reuniões para deliberar a paralisação. “E, no dia 1º de Maio, todas as unidades farão assembleias pela manhã para os trabalhadores que trocam de turno”, anunciou.