Escrito por: SEPPIR

Grêmio é punido por racismo de torcedores

Clube é expulso após manifestações racistas contra goleiro do Santos

 

O Grêmio está fora da ‘Copa do Brasil’ como punição pelas manifestações racistas de sua torcida. Foi o que decidiu a Terceira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta terça-feira (3), motivados por insultos de torcedores gremistas ao goleiro Aranha, do Santos. Valendo pelas oitavas de final, a partida que serviu de cenário para o episódio ocorreu no último dia 28/8, na Arena Grêmio, em Porto Alegre-RS.

 

A eliminação foi decidida com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), no qual consta a prática de “ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. O clube ainda pode recorrer.

 

Na última sexta-feira (29), a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, contatou dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Santos para discutir medidas de combate à violência racial nos campos do Brasil. “Diante do racismo, o jogo não pode continuar, assim como o Brasil não pode continuar a tolerar o racismo”, declarou, afirmando que a decisão do STJD é inédita e pode desencadear uma série de iniciativas para coibir a prática do racismo no futebol.

 

Unanimidade

Após uma sessão de quatro horas de duração, os auditores do STJD votaram unânimes pela penalidade máxima ao Grêmio, determinando ainda o pagamento de multa no valor de R$ 50 mil.

 

Na ocasião, também foram punidos o árbitro Wilton Pereira Sampaio, com suspensão de 45 dias e pagamento de R$ 800 por não ter colocado as ofensas em súmula, fazendo-o apenas por meio de um adendo, em função da repercussão do caso; e os auxiliares, suspensos por 30 dias e multados em R$ 500.

 

Tolerância - “Existe uma grande tolerância para práticas de racismo como essa que, aliás, já são esperadas, como revelou Aranha depois do jogo”, afirma a ministra. Segundo ela, tanto os árbitros, quanto os jogadores, a própria torcida e as instituições ligadas ao futebol, devem acionar mecanismos de reação dentro do campo, no momento em que ocorre o ato de violência racial, que reprimam e punam esse tipo de atitude.

 

“A sociedade precisa ser mais assertiva nessas situações. Assim como os jogadores foram solidários recentemente, com os colegas de Cuiabá que manifestaram insatisfações com a falta de pagamento pelo time, podem também ser solidários com os parceiros atingidos pelo racismo”, completou.