Escrito por: Redação CUT
Trabalhadores e trabalhadoras realizam a maior greve dos últimos 12 anos para protestar contra a mudanças nas regras previdenciárias
A sexta-feira (13) amanheceu caótica em Paris. Os trabalhadores e trabalhadoras de transportes públicos pararam contra a reforma da Previdência do governo de Emmanuel Macron.
Dez das 16 linhas do metrô de Paris fecharam as portas e as seis que funcionaram não deram conta da enorme demanda. Além disso, a frota de ônibus circulou com um número menor do que o habitual e, logo, os grandes engarrafamentos nos acessos à capital começaram a paralisar a capital da França.
Por falta de transporte público, muitos trabalhadores e trabalhadoras tiveram de voltar pra casa, outros optaram por trabalhar em casa.
A Autoridade Autônoma de Transportes de Paris (RATP) pediu na quinta-feira aos moradores que saíssem de casa apenas em caso de extrema necessidade e anunciou “soluções alternativas de mobilidade”, que incluem o uso gratuito limitado de motos ou bicicletas elétricas de livre serviço, subsídios a quem compartilhar o carro ou estacionamento pela metade do preço.
Esta greve, que já está sendo considerada a maior dos últimos 12 anos, é a primeira grande mobilização contra o plano do presidente Macron de implementar um sistema de previdência “universal”.
Se a reforma for aprovada, os funcionários do metrô de Paris e os trabalhadores de outras atividades consideradas difíceis ou perigosas perderão os benefícios associados a regimes especiais de trabalho que, hoje, dá a eles o direito de se aposentar antes dos trabalhadores cujas atividades não são insalubres nem perigosas.
O Tribunal de Contas calculou que a idade média de aposentadoria dos trabalhadores da RATP em 2017 era 55,7 anos, contra 63 anos da maioria dos trabalhadores franceses.
“Não é uma greve de privilegiados, esta é uma greve de trabalhadores que afirmam ‘queremos nos aposentar com uma idade razoável e em condições razoáveis”, declarou à rádio FranceInfo Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, um dos principais sindicatos da França.
A greve é a maior no setor de transportes de Paris desde 2007, quando o ex-presidente Nicolas Sarkozy apresentou uma reforma previdenciária que aumentou a idade de aposentadoria da maioria dos funcionários públicos.
“Estou na RATP desde 1996 e nunca vi algo assim. Tantos grevistas, de todas as áreas, e inclusive alguns diretores mobilizados. As pensões afetam todos”, declarou ao jornal Le Parisien Marc Brillaud, do sindicato SUD.
A reforma da previdência é uma promessa de campanha de Macron, que se comprometeu a eliminar os 43 distintos regimes especiais e a criar um sistema “universal” com o uso de pontos, no qual “1 euro de contribuição concede os mesmos direitos”.
Diante do projeto potencialmente explosivo, o governo quer enfrentar a situação com calma. “Levaremos todo o tempo necessário para abordar a reforma das aposentadorias, antes de uma votação prevista para 2020, afirmou o primeiro-ministro Edouard Philippe.
Com informações da Carta Capital.