Escrito por: Érica Aragão
Prefeito só negocia se terminar a greve. Categoria resiste na luta por direitos e pela revogação da Lei que privatiza serviços públicos
Os servidores públicos de Florianópolis recusaram a proposta feita pelo prefeito Gean Loureiro (MDB) de iniciar o processo de negociação apenas quando a greve, que dura já 15 dias, fosse encerrada. Segundo os trabalhadores e trabalhadoras, em outras épocas, o prefeito já fez promessa como essa e não negociou a pauta da categoria.
Na tarde desta quarta-feira (25), em reunião entre os trabalhadores e as trabalhadoras do município com assessores do prefeito, que não apareceu para dialogar, o recado da categoria foi bem claro. A greve só acaba quando a pauta de negociação for aberta.
Os servidores querem negociar a pauta de reivindicações da categoria na campanha salarial e a revogação da lei das organizações sociais, publicada no diário oficial desta quarta, que privatiza e precariza os serviços públicos.
“A intransigência da prefeitura em sentar conosco ou sequer começar a discutir a pauta da data-base mostra que Gean está pouco se lixando para o nosso trabalho ou para a qualidade do serviço público. No fim das contas, só o que importa é abrir mercado e aumentar o lucro daqueles que o financiam”, disse, em nota, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem), Renê Marcos Munaro.
O presidente disse que não é dessa forma autoritária que o prefeito reduzirá o tamanho do movimento e a energia da luta. Segundo Renê, enfrentar a O.S é apenas o primeiro passo da luta que não tem dia para acabar.
“Gean Loureiro pode ter conseguido enfim aprovar seu vergonhoso projeto privatizador, valendo-se de milhões de reais em propaganda e dos favores de seus vereadores capachos; mas isso não significa que vamos sair das ruas nem dar arrego pra essa turma! Nossa greve continua crescendo a cada dia, e provamos isso hoje no grande ato no centro da cidade”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem), Renê Marcos Munaro, que completa: “A nossa luta é maior que Gean!”
A negociação frustada com o prefeito aconteceu depois de um dia de muita luta e unidade.
Os servidores se reuniram, em assembleia, para decidir os rumos da greve e em seguida seguiram em caminhada pela cidade até o gabinete do prefeito. Outras pessoas se juntaram ao movimento. O ato unitário reuniu 5 mil pessoas entre estudantes, trabalhadores, sindicalistas e associações de moradores e no meio do caminho contou com a solidariedade de outras categorias, como a dos trabalhadores dos transportes urbanos de Florianópolis. O principal terminal da cidade ficou totalmente paralisado por uma hora em solidariedade a luta dos servidores, mas também contra proposta do governo de Gean de extinguir os cobradores.
O presidente do Sintrasem disse que a mobilização continua.
“Uma nova reunião com a assessoria do prefeito está marcada para hoje às 14h horas e a próxima assembleia dos trabalhadores está agendada para a próxima sexta-feira (27), às 13h, para pensar os rumos do movimento”, finalizou Renê.
A imprensa está divulgando uma audiência de conciliação no Ministério público na próxima segunda-feira (30), porém o sindicato não recebeu nenhuma intimação e aguarda posicionamento da prefeitura para uma mesa de negociação nos próximos dias.