Greve do Samu de São Paulo tem adesão de 40% dos trabalhadores
Profissionais exigem melhores condições de trabalho e de atendimento à população. Segundo eles, Portaria 190 do prefeito Bruno Covas desmontou a estrutura de trabalho
Publicado: 23 Abril, 2019 - 17h20 | Última modificação: 23 Abril, 2019 - 18h04
Escrito por: Nádia Machado
A greve por tempo indeterminado dos trabalhadores e trabalhadoras do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da capital paulista, iniciada às 7h desta terça-feira (23), começou com adesão de 40% da categoria e apenas 57 ambulâncias estão em operação na cidade, segundo levantamento do Comando de Mobilização e do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep).
Os socorristas em greve iniciaram assembleia às 13h desta terça e decidiram suspender a deliberação que a categoria iria tomar para pressionar mais uma vez o governo municipal. Depois decidiram seguir em caminhada da sede do Sindsep até a da Secretária Municipal de Saúde.
Após a negociação, a assembleia será reinstalada para definir os próximos passos do movimento dos trabalhadores do Samu, que estão protestando contra a Portaria 190/2019/SMS, publicada no Diário Oficial no dia 23 de fevereiro deste ano, que determina o fechamento de bases de atendimento do Samu. Das 58 bases, 31 já foram fechadas e o atendimento foi realocado para hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e locais improvisados sem qualquer tipo de estrutura. Veja galeria de fotos ao final da matéria
“A Prefeitura colocou os trabalhadores em condições péssimas e sub-humanas. Nós queremos discutir uma solução que dê condições dignas para os trabalhadores e para o atendimento à população”, afirma o secretário de comunicação do Sindsep e secretário de mobilização da CUT-SP, João Batista Gomes, o Joãozinho.
De acordo com o dirigente, a Portaria prevê ainda que as equipes não serão mais completas, ou seja, não terão mais enfermeiros, contarão somente com o auxiliar de enfermagem e o motorista o que prejudica o cuidado com o paciente no caminho até o hospital, segundo os trabalhadores.
A greve por tempo indeterminado foi aprovada em assembleia dos trabalhadores do Samu, realizada na tarde da última quinta-feira (18), depois que eles receberam um oficio da prefeitura dizendo que só negociaria após a volta ao trabalho.
“No geral, o governo de Bruno Covas respondeu para os trabalhadores voltarem a trabalhar e assim continuariam as negociações, mas isso não é negociação, eles não atenderam nenhum dos pontos colocados pelos trabalhadores”, explica Joãozinho, que completa: “Nós queremos uma verdadeira negociação com a secretária municipal de saúde.”
No primeiro dia da greve
De acordo com os representantes do Comando de Mobilização, no primeiro dia de paralisação, a Secretaria Municipal de Saúde diminuiu o tamanho das equipes que atendem nas ambulâncias e recorreu a "Operação Delegada" que usa profissionais do Corpo de Bombeiros para furar a greve.
Os trabalhadores vão manter 30% das equipes e ambulâncias operando como determina a lei e o sindicato orientou a todos a se organizarem de forma a saberem em que equipes trabalharão ou não em seus respectivos plantões. Além disso, o sindicato orientou que os trabalhadores que aderirem à greve não deverão comparecer em sua base ou ponto de assistência, não deverão assinar o ponto e nem atender ao chamado via rádio da central na ambulância.
Amanhã (24), às 13h, os trabalhadores do Samu irão participar da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de São Paulo, para fazer pressão e reforçar as reivindicações da categoria.
A categoria também pede para a população ligue para o 156 (por telefone ou por aplicativo) e faça uma reclamação sobre a desestruturação do Samu de São Paulo.