Greve dos jornalistas do Correio Popular completa 150 dias
Paralisação por falta de pagamento completou 150 dias neste 14 de julho e se tornou a maior da história do jornalismo em SP. Grevistas pedem colaboração ao fundo de greve
Publicado: 16 Julho, 2018 - 12h49 | Última modificação: 16 Julho, 2018 - 13h02
Escrito por: Flaviana Serafim
A greve dos jornalistas do Correio Popular de Campinas completou 150 dias no último sábado (14). Os profissionais estão sem receber salário desde fevereiro, quando cruzaram os braços e deram início à maior greve da história do jornalismo no estado de São Paulo. Já são dois anos enfrentando constantes atrasos de pagamento pela Rede Anhanguera de Comunicação (RAC).
Por unanimidade, a paralisação foi considerada legítima pelo Tribunal Regional da 15ª Regional (TRT15-Campinas), em julgamento no último dia 9 de maio, que também determinou o pagamento da dívida pela empresa. Quando terminou o prazo para quitação dos débitos com os grevistas, em 24 de maio, em vez de cumprir a decisão judicial, a RAC solicitou embargos de declaração, instrumento jurídico no qual a rede pede esclarecimentos sobre a sentença, o que fez com que, na prática, a empresa ganhasse tempo para protelar os pagamentos.
A RAC deve os salários que estão em aberto desde fevereiro, o 13º de 2017, o adicional de um terço aos que saíram de férias nos últimos dois anos, seis meses de vale alimentação, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e contribuições previdenciárias, além dos dias parados durante a greve.
Por isso, o apoio e a solidariedade da categoria continuam sendo fundamentais para que os jornalistas da RAC continuem lutando para receber seus salários. São várias as formas de colaborar:
Apoie o abaixo-assinado: os jornalistas estão realizando um abaixo-assinado pela internet solicitando à Associação Brasileira de Imprensa (ABI) que pressione a RAC a cumprir a sentença que determina a quitação dos pagamentos em atraso ou para que a empresa ao menos dialogue e negocie com seus profissionais. Para assinar, clique aqui.
Colabore com o fundo de greve: para colaborar com o pagamento de despesas emergenciais dos grevistas, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) tem um fundo de greve onde é possível depositar qualquer quantia. A gestão dos recursos é feita pelos próprios grevistas. Basta depositar ou fazer transferência bancária para a seguinte conta:
Caixa Econômica Federal
Agência 4070
Conta corrente 1143-3
(caso o depósito ou transferência seja entre contas da Caixa, o código da operação é 003)
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
CNPJ 62.584.230.0001-00
Outra forma de colaborar com o fundo de greve é doando cesta básica na sede da Regional Campinas do SJSP, que fica na Rua Dr. Quirino nº 1319, 9° andar, no centro campineiro.
Participe da Feijoada Solidária: o evento ocorre no próximo dia 21 de julho (sábado), a partir das 13h, no Projeto Saberes e Sabores, na Rua Garça nº 43, Vila Industrial, em Campinas. Com preço a R$ 35, a arrecadação é voltada ao fundo de greve, e os convites têm venda antecipada na Regional Campinas do SJSP (Rua Dr. Quirino nº 1319 - 9° andar – Centro – Campinas).
Quem preferir, pode depositar ou transferir o valor do convite na conta corrente do fundo de greve divulgada acima, e enviar o comprovante antes do dia do evento para a Regional Campinas pelo e-mail: regionalcampinas@sjsp.org.br. Informações pelo fone (19) 3231-1638.
O Quarteto de Cordas Vocais fará apresentação musical durante a Feijoada Solidária. Confirme sua presença no evento.
Entenda do caso
Proprietária dos jornais Correio Popular, Notícias Já e Gazeta de Piracicaba, das revistas Metrópole e VCP News, e do portal RAC.com, a Rede Anhanguera de Comunicação tem atrasado os pagamentos de salários, benefícios e férias desde o final de 2015.
Desde então, os jornalistas têm sofrido com a crise financeira, o que levou vários profissionais a se endividarem para continuar sobrevivendo, além de casos de adoecimento na redação, com estresse e depressão.
Após várias tentativas de negociação, a empresa manteve a intransigência e a greve, iniciada no último dia 14 de fevereiro, foi a única alternativa dos profissionais para pressionar a rede de comunicação. Outra paralisação, em junho de 2017, já havia arrancado um acordo no TRT15-Campinas, prevendo o pagamento semanal de 25% dos salários como forma de reduzir a dívida, mas a RAC descumpriu a sentença.
Além de não pagar o que deve aos trabalhadores e trabalhadoras, a RAC está descontando os dias parados e não paga os vales refeição e alimentação dos grevistas. Entre outras irregularidades, conforme denúncia recebida pelo SJSP, a rede ainda está contratando jornalistas e colocando estagiários para cobrir o trabalho dos grevistas, ilegalidades que caracterizam prática antissindical.
Enquanto a rede alega falta de recursos para continuar atrasando os pagamentos, outra denúncia é que o proprietário da rede, o diretor-presidente da RAC, Silvino de Godoy, segue com viagens habituais a passeio pela Europa.
Diante da intransigência e do desrespeito da RAC, a solidariedade é o caminho para a sobrevivência da greve e dos jornalistas.