Escrito por: Tatiana Melim
Refinarias, terminais e a plataforma da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, estão com as atividades paradas
A greve nacional de 72 horas dos petroleiros, iniciada nas primeiras horas desta quarta-feira (30), teve forte adesão da categoria nas refinarias e terminais em todo o País e parou, também, a plataforma da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Os ônibus chegaram vazios nas refinarias, os portões ficaram fechados desde a madrugada e o apoio da população à greve, que chegou a ir durante a madrugada na frente de algumas unidades, como a da Repar, em Araucária, no Paraná, foi considerada histórica por diversos petroleiros.
“À meia noite membros da comunidade foram para a porta da Repar para apoiar a greve. Isso nunca tinha ocorrido antes”, disse o petroleiro e secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, que estava no local.
“Eles sabem que a greve é pelo Brasil e pelo povo brasileiro. Os aumentos dos combustíveis e a privatização da Petrobras só beneficiam o capital, jamais o trabalho”, analisou Roni.
E decisões como a tomada nesta terça-feira (29) pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que se antecipou à paralisação e classificou a greve como "abusiva” por ser política, só contribuem para a população olhar o movimento dos petroleiros de maneira diferente.
Como a Federação Única dos Petroleiros (FUP) já havia divulgado várias vezes, a greve é uma advertência à atual administração que implantou uma política equivocada de preços desde que o golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) assumiu o governo, após o golpe de Estado em 2016, e indicou Pedro Parente para gerir a Petrobras.
A categoria não se intimidou e manteve a greve pela redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha; pela manutenção dos empregos e retomada da produção interna de combustíveis; pelo fim das importações da gasolina e outros derivados de petróleo; contra as privatizações e desmonte do Sistema Petrobras; e pela demissão de Pedro Parente da presidência da empresa.
Numa afronta ao legítimo movimento nacional que se formou contra a política de preços da Petrobras, inclusive com forte apoio de várias categorias profissionais, a estatal anunciou novo aumento do preço da gasolina nas refinarias nesta quarta, primeiro dia da greve.
A partir de amanhã (31), o preço subirá 0,74% e passará a ser de R$ 1,9671 por litro nas refinarias. Em maio, o preço do combustível acumulou alta de 9,42%, já que em 28 de abril o litro custava R$ 1,7977.
O coordenador da FUP, José Maria Rangel, ao responder às declarações de Parente, que acusou os petroleiros de realizarem uma greve política, enfatizou que desde o início da mobilização da categoria nas unidades da companhia, em abril deste ano, eles já tinham avisado que a greve não teria pautas trabalhistas, mas a defesa da Petrobras, do Brasil e dos brasileiros, que estão com os orçamentos tão comprometidos que trocaram o gás de cozinha por lenha, por exemplo.
“O fato de Pedro Parente estar destruindo a Petrobras é uma decisão política. Tudo em nossa vida gira em torno da política”, rebateu Rangel.
“Nós sabemos o que está em jogo neste país. Nós não vamos impedir os petroleiros de entrarem para trabalhar porque eles não vão trabalhar, pois sabem o que está acontecendo dentro da Petrobrás. Eles sabem que está em curso um processo de entrega do patrimônio público.”
E Rangel estava certo: os trabalhadores e trabalhadoras, conscientizados do atual momento pelo qual passa a estatal, não entraram para trabalhar nas refinarias, terminais e plataformas.
Confira como foi a paralisação nesta quarta-feira (30):
Em São Paulo, as Refinarias de Paulínia (Replan) e Capuava (Recap) amanheceram paradas. Na Replan, no interior de São Paulo, a paralisação começou com a adesão de 100% dos trabalhadores do turno da noite e os ônibus que chegaram pela manhã estavam todos praticamente vazios.
ReproduçãoNa Recap, em Mauá, região metropolitana de São Paulo, os petroleiros iniciaram o dia com os braços cruzados, dialogando sobre a pauta de reivindicações da categoria, que, entre outros pontos, pede a demissão imediata de Parente do comando da estatal.
ReproduçãoEm Araucária, na região Metropolitana de Curitiba, à zero hora desta quarta-feira, horário marcado para iniciar a greve nacional dos petroleiros, cerca de 40 pessoas da comunidade local estiveram presentes em frente à Refinaria Getúlio Vargas (Repar) para se solidarizar à luta em defesa da Petrobras.
No Paraná, a Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e a unidade de xisto do Paraná (SIX) também tiveram as atividades interrompidas pela #GreveDosPetroleiros. No terminal de Paranaguá, os trabalhadores e trabalhadoras aderiram.
Apesar da tentativa do governo de impedir a greve e calar os trabalhadores, os petroleiros de Minas Gerais mantiveram a paralisação na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, contra a privatização da Petrobrás e a política de preços responsável pela alta nos combustíveis e gás de cozinha.
No Rio de Janeiro, na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), uma das mais complexas do Sistema Petrobras, os trabalhadores e trabalhadoras cruzaram os braços nesta quarta-feira, primeiro dia de greve. Segundo informações da FUP, na Bacia de Campos, petroleiros de diversas plataformas também aderiram à greve de advertência de 72 horas.
Na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, os trabalhadores e trabalhadoras também amanheceram paralisados. #ForaParente e #DefesaDaPetrobras deram o tom da mobilização.
ReproduçãoEm Pernambuco, os petroleiros pararam a Refinaria Abreu e Lima e os trabalhadores do setor administrativo e do turno da manhã aderiram à paralisação. Cruzaram os braços e se uniram em defesa da Petrobras.
ReproduçãoEm Salvador, na Bahia, petroleiros paralisaram o prédio administrativo (Ediba) da Petrobras neste dia que ficará marcado como o Dia Nacional de Luta Pela Redução do Preço do Gás e do Combustível.
ReproduçãoEm Aracaju, também teve adesão à #GreveDosPetroleiros e um ato em frente à Petrobras reuniu trabalhadores da categoria e militantes dos movimentos sociais em apoio à paralisação.
ReproduçãoEm Fortaleza, no Ceará, a Refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Rubnor) amanheceu com as atividades paralisadas. Os movimentos sociais estiveram presente em frente à refinaria para apoiar os petroleiros em greve.
Em Auto do Rodrigues, no Rio Grande do Norte, petroleiros paralisaram a base da Petrobras pela redução do preço dos combustíveis e do gás de cozinha, combustível. #ForaPedroParente também estava na pauta. Em Mossoró, assim como os petroleiros do Ativo Industrial de Guamaré e da Estação Coletora do Canto do Amaro, também teve adesão à greve.
ReproduçãoNo Espírito Santo, os trabalhadores e trabalhadoras das bases administrativas e operacionais de terminais e unidades de tratamento e processamento de gás natural (UPGNs e UTGCs) também aderiram à paralisação.
Em Santa Catarina, os trabalhadores do Edifício Administrativo da Transpetro de Joinville (Ediville) e dos terminais de Biguaçu (Teguaçu), São Francisco do Sul (Tefran) e de Itajaí (Tejaí) paralisaram as atividades e se deslocaram até o Terminal de Guaramirim (Temirim) para a realização de um ato conjunto na manhã desta quarta.
Em Manaus, os trabalhadores e trabalhadoras da Refinaria Isaac Sabbá (Reman) também cruzaram os braços nesta manhã no primeiro dia da greve dos petroleiros.
Na Transpetro, a greve atinge os terminais do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo, do Amazonas, do Ceará, de Pernambuco, de Campos Elíseos (Duque de Caxias) e de Cabiúnas (Macaé).
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