Escrito por: Redação CUT
Balanço do sindicato da categoria aponta que mais de 1.500 escolas já aderiram às paralisações. Movimento tem ganhado apoio e solidariedade da população, que está indo às ruas participar das manifestações
A greve da educação pública estadual do Rio Grande do Sul, iniciada no dia 18 de novembro, já é considerada uma das maiores da história da categoria no estado. De acordo com levantamento do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers-Sindicato), até esta sexta-feira (29), eram 1.556 escolas em greve, sendo que 788 totalmente fechadas.
Estudantes, pais e mães de alunos e até o comércio das cidades manifestaram apoio ao movimento. Em diversas cidades do estado foram realizadas passeatas, com presença dos próprios estudantes, que levaram cartazes com frases de protesto contra o governador Eduardo Leite (PSDB).
Mesmo em pequenos municípios, onde nunca houve greve, escolas estão sem aulas e a população está participando dos protestos.
A greve tem como motivo principal o pacote de medidas do governo do estado que desmonta o plano de carreira dos professores. Uma das propostas é de incorporação de gratificações aos salários o que, segundo o sindicato, nada mais é do que “fazer de conta que o piso nacional da categoria está sendo cumprido”.
Os projetos incluídos no pacote, que atingem todos os professores do ensino público, inclusive os aposentados, com a cobrança de alíquota previdenciária, foi enviado à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em caráter de urgência e devem ser votados até o dia 17 de dezembro.
Além de protestar contra as medidas de Eduardo Leite, os professores também pararam porque não têm reajustes salariais há cinco anos e os salários estão sendo pagos com atrasos há 47 meses. Já há relatos, segundo a assessoria do sindicato, de suicídio de trabalhadores.
A presidenta do Cpers-Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, diz que o governo, de forma irresponsável, afirma que a greve não tem justificativa. “Se a vida estivesse fácil, essa greve não teria essa proporção. É uma greve diferenciada que recebe apoio da sociedade gaúcha.”
A dirigente ainda reforça o aviso ao governador Eduardo Leite de que a categoria não vai se calar diante dos ataques aos direitos dos professores e que não aceitará que o governo tire salário de quem já não tem, se referindo ao corte do ponto dos educadores em greve.
A greve tem o apoio da sociedade na capital e no interior e de diversas entidades, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), filiada à CUT. Em nota, a CNTE afirmou que é rígida a medida que põe fim às progressões de carreiras e que ao acabar com as gratificações o governador criará uma distorção sem precedente na organização de carreiras do estado.
Outras entidades como sindicatos de professores, do funcionalismo público e de outras categorias, além de associações de pais de alunos também se manifestaram solidários aos trabalhadores da educação do Rio Grande do Sul.
Paralelamente, a bancada do MDB, parte da base governista, divulgou nota manifestando contrariedade às propostas e que, diante da pressão da greve, os oito deputados do partido não votarão a favor do pacote.
Ainda de acordo com informações do Cpers-Sindicato, Eduardo Leite, já fala em “atenuar” as medidas, mas o Comando de Greve confirma que qualquer perspectiva de negociação com o governador depende da retirada dos projetos da pauta da Assembleia Legislativa.
“Nenhum diálogo é possível sem, antes, tratar das reivindicações urgentes da categoria: salário em dia, reajuste já e nenhum direito a menos. A educação merece respeito”, afirma a presidente do sindicato.
Na próxima terça-feira, 3 de dezembro, será realizado um ato estadual em Pelotas, terra do governador.