Escrito por: Redação CUT
De acordo com o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), 60% da categoria aderiu à paralisação e percentual tende a aumentar
A greve por tempo indeterminado dos trabalhadores e trabalhadoras do Banco Central (BC) por reajuste salarial e reestruturação de carreira, que teve início no dia 1º, continua nesta segunda-feira (4), e a expectativa dos sindicalistas que organizam o movimento é de adesão em torno de 60% dos servidores. A paralisação pode afetar as transações via PIX, o site do Sistema de Valores a Receber (SVR) e outros serviços do BC, de acordo com o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal). (Veja abaixo todas as atribuição do BC).
Os funcionários do Banco Central estão há três anos com os salários congelados e as perdas acumuladas nesse período chegam a 55%, segundo cálculos feito com base no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), dia a direção do Sinal. Já as reivindicações por reestruturação na carreira ocorrem há quase duas décadas, complementam os dirigentes.
O movimento trouxe o primeiro resultado que é o início das negociações da pauta do governo com a categoria, diz nota do Sinal. Foi marcada para esta terça-feira (5), a primeira reunião oficial entre dirigente do Sinal e um representante do governo federal, Leonardo Sultani, titular da Secretaria de Gestão de Pessoas do Ministério da Economia.
“Queremos a apresentação de uma proposta oficial por parte do Governo. Se não houver proposta oficial, a nossa resposta deve ser a manutenção e a intensificação da greve!”, diz o sindicato.
Ainda segundo o Sinal, cerca de 725 servidores já entregaram suas comissões até esta segunda (4), e a direção do sindicato espera avançar ainda mais durante a greve.
PIX pode ser afetado
De acordo com os dirigentes, com a tendência de aumento ainda maior de adesão à greve, as transações via PIX e outros serviços do órgão, como a divulgação do boletim Focus, estimativas do mercado sobre índices da economia brasileira, como inflação e variação do Produto Interno Bruto (PIB).
O presidente do Sinal, Fábio Faiad, observou que a greve dos servidores do BC será feita de forma responsável, respeitando a lei dos serviços essenciais. Contudo, o PIX e outras atividades do BC não se encontram dentro do escopo da lei dos serviços essenciais.
Isso significa que a greve poderá interromper parcialmente o PIX e a distribuição de moedas e cédulas; poderá interromper, parcial ou totalmente, a divulgação do boletim Focus e de diversas Taxas, o monitoramento e a manutenção do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e da mesa de operações do Demab, o atendimento ao público e outras atividades.
Pauta de reivindicações
Os servidores do BC reivindicam reajuste salarial de 26,3% e a reestruturação das carreiras.
A decisão de paralisar as atividades para pressionar o governo de Jair Bolsonaro (PL) a negociar foi tomada em conjunto pelos três organizações que representam a categoria: o Sinal, o Sindicato Nacional dos Técnicos do Banco Central (SinTBacen) e a a Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil (ANBCB).
Mobilização começou em março
Desde o dia 17 de março, os servidores e servidoras do BC fazem operação tartaruga. Todos os dias pararam das 14h às 18h, para pressionar o governo a atender suas reivindicações.
As mobilizações são uma resposta da categoria ao anúncio feito por Bolsonaro, no final do ano passado, de que iria reajustar apenas os salários de policiais rodoviários e federais.
O que faz o BC
Dentre as atribuições do Banco Central estão:
- emitir papel-moeda e moeda metálica;
- executar os serviços do meio circulante;
- receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias;
- realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
- regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis;
- efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;
- exercer o controle de crédito;
- exercer a fiscalização das instituições financeiras;
- autorizar o funcionamento das instituições financeiras;
- estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras;
- vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais; e,
- controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.