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Greve de servidores do RS reúne multidão na Praça da Matriz, em Porto Alegre

“Retira”, gritam milhares de servidores em Porto Alegre para salvar educação e serviços públicos

Publicado: 10 Dezembro, 2019 - 17h20 | Última modificação: 10 Dezembro, 2019 - 18h45

Escrito por: CUT-RS

CUT-RS
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Em mais um dia histórico da greve da educação e das demais categorias do funcionalismo público contra o pacote de reforma administrativa do governador Eduardo Leite (PSDB), que extermina direitos e condena educadores e servidores a um brutal achatamento salarial, e pelo pagamento em dia do funcionalismo, milhares de pessoas enfrentaram o forte calor para protestar contra o desmonte do Estado, em Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (10).

CUT-RSCUT-RSA greve reivindica a retirada do pacote de reforma administrativa da Assembleia.  A proposta tramita em regime de urgência. Os servidores também reivindicam a regularização dos salários, que vêm sendo pagos em atraso e parcelados há 48 meses. Também pedem reposição salarial para funcionários e professores. Eles não estão sem reajuste há cinco anos.

Aos gritos de “retira!”, a multidão participou da assembleia unificada na Praça da Matriz e depois saiu em passeata pelas ruas do centro histórico. A manifestação terminou com um ato em frente à sede da Secretaria Estadual da Fazenda. A maioria dos manifestantes tinha nas mãos as bandeiras douradas do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande (CPERS), além de inúmeras faixas e cartazes.

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 “Aqui, nesta Praça, está presente o futuro do Rio Grande do Sul. Somos milhares que representam milhões de gaúchos. É um levante que não se viu em lugar algum do Brasil, com o apoio da sociedade e de todos que se permitem sonhar”, afirmou a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.

Eduardo Leite, como nos demais atos em frente ao Palácio Piratini, fez questão de não comparecer. Viajou a Brasília com os recursos públicos que diz faltarem para a educação. “Pode comprar a passagem para o dia 17, governador. Estaremos aqui novamente, e não sairemos da Matriz até derrubar o pacote”, finalizou Helenir, referindo-se à data prevista para o início da votação dos projetos no plenário da Assembleia Legislativa.

Em frente à caixa forte do Estado, guardada pelo Batalhão de Choque da BM, servidores se revezaram nas críticas ao pacote desumano de governo Leite e ao arrocho interminável a quem trabalha para servir os gaúchos.

Eram professores, professoras, funcionários de escola, estudantes secundaristas e universitários, técnicos agrícolas, servidores da saúde, das obras, do planejamento, do DAER, do Judiciário e diversas outras categorias, todos unidos para derrubar as propostas do governo tucano.

A secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Marques, salientou que "estamos sendo atacados por causa de uma dívida que não fomos nós que fizemos". Ela aproveitou para denunciar "o genocídio da juventude negra que não aparece na mídia". Isis ressaltou que "estamos firmes na luta contra esse pacote da morte do governo Leite".

Famílias inteiras se deslocaram do Interior para defender os seus direitos. Élica Cavaleiro, servente da EEEF Coronel Gervasio, trouxe os dois filhos, estudantes da rede pública, para a manifestação. “Sou contratada e vim para lutar também pelos direitos dos concursados. É agora ou nunca. Se a gente não vai pra rua, quem vai garantir a escola pública dos meus filhos?”, questiona.

Muitos vieram pela primeira vez, como a estudante Laura Paulata, da escola Ponche Verde, de Crissiumal. “Estou impressionada pela quantidade de pessoas unidas com o mesmo propósito. Essa não é uma luta só de quem educa, é de todos nós”, conta.

Gilka Munari e Lucia Langassner, aposentadas de Encruzilhada do Sul, são presença constante nos atos. “Nós viemos em todas as mobilizações até aqui. E vamos até o fim. Se pararmos agora, será o fundo do poço”, disse Gika.

A greve

A paralisação dos professores, que atinge mais de 80% da categoria, vai completar um mês. Mais de 1.500 escolas permanecem afetadas total ou parcialmente, consolidando uma das maiores mobilizações das últimas décadas no Estado. Já a dos demais servidores entrou na terceira semana. Os dois movimentos continuam fortes, apesar da pressão do governo.